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domingo, 12 de fevereiro de 2012
bricolage
Qualquer tarefa de bricolage é para mim um quebra-cabeças. Hoje estourei com a luz, rebentei com a mão, tive de andar de chave inglesa. Tarefas complicadas, pensarão os meus amigos. Nada. Tinha de tirar um casquilho de uma lâmpada que estoirou, assim tipo cometa Halley e mudar uma mangueira de chuveiro. À primeira tarefa esqueci-me de desligar a luz. Bummmm!!! Luz abaixo e este vosso criado meio atarantado sem entender o que tinha feito. Um ligeiro cheiro a queimado, mas nada de grave. Na mangueira de chuveiro apertei aquilo até à exaustão mas ... esqueci-me dos vedantes. Moral da história, tinha uma versão da Fontana di Trevi na casa de banho. Não me falem em bricolage que eu fujo!!!!
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sábado, 11 de fevereiro de 2012
Deliciosa rotina
Porque a dona do meu coração é profissional de saúde, trabalha aos sábados com frequência. Tal facto obriga-nos a almoçar fora. Durante a maternal ausência criamos rituais. Os desenhos animados no Disney Channel, o leite, as bolachas de água e sal "com um bocadinho de foie gras", a caminhada até ao restaurante, conversando. Momentos em que tenho a filha só para mim. Não são idílicos, discutimos muitas vezes, mas semelhantes no carácter, de explosão fácil e perdão ainda mais rápido, após uma peixeirada logo voltam os beijos e abraços.
Como guloso confesso, sábado é o meu dia de francesinha. Generosamente regada de molho a que acrescento uma gotas de Tabasco. Acompanhada de três princípes, ocasionalmente uma mousse de chocolate partilhada. Após o regresso a casa, uma sesta retemperadora. Os meus sábados não estão completos quando me falta esta rotina.
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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
procrastinei
Na vida profissional tudo se passou com se um desígnio superior conduzisse o meu caminho. Nunca respondi a um anúncio de emprego. Saltei de um para outro por convite. Esta corrente tem-me levado a bom porto. Não me furto ao trabalho e aceito com humildade e de manga arregaçada os desafios que me são impostos. Ninguém de boa-fé me pode acusar de não dar sempre o meu melhor. Há no entanto dias em que nada parece correr em conformidade com as expectativas. Como hoje. Assim, como não estou numa linha de produção, em que cada elemento da cadeia é indispensável para a consecução da tarefa seguinte, procrastinei. O verbo procrastinar é delicioso, dá à arte do adiamento um ar digno, quase nobre. Dediquei-me a tarefas secundárias e menos exigentes e adiei o que não devia. Quem nunca tal fez que atire a primeira pedra.
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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Frutos Vermelhos
Desde que li algures que os frutos vermelhos eram anti-oxidantes, devo ter comido quilos de morangos, amoras, framboesas, romãs. Cá em casa existem montes de sumos da mesma cor, made by Continente. Balelas! Além de distúrbios intestinais o efeito é nulo. Continuo a assemelhar-me a um homem de 48 anos. Não rejuvenesci nem por fora, nem por dentro. Chego a ter de encostar às boxes por causa de um quisto de Baker. Bem dizia a minha avó que quando as galinhas fraquejam das pernas é a hora do abate.
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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
da solidão
Escrever num blogue é uma actividade para solitários. Não sendo um homem sozinho sinto-me muitas vezes só. A rotina do dia-a-dia impõe-se às conversas, discussões, trocas de ideias. Esmaga. O jantar, o banho da criança e outras trivialidades sugam o tempo como um buraco negro. Restam os momentos em que escrevendo, reflicto, exponho a alma. Como por magia, através de um rede de electrões, encontro quem partilhe opiniões, contra-argumente, seja solidário. Um blogue dá a reconfortante sensação que alguém nos ouve. Do outro lado, quem comenta, incorre em idêntico exercício. Revela-se, troca ideias e intimidades. Essa partilha é tranquilizante. Não estou só.
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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
agitprop patética
Assisti ontem, pela televisão, ao destroço em que a esquerda portuguesa se tornou. Com estes a direita vais continuar a ganhar eleições por muitos e maus anos. Duzentos ou trezentos marmelos juntaram-se frente ao Palácio de Belém para "ajudar" Cavaco. Juntaram moedas, arroz e leite, fizeram a sua manobra de agitprop e foram nos seus carrinhos para o aconchego do lar. Triste esquerda esta. Se fossem verdadeiramente solidários tinham pegado na massa e iam dá-la ao indigente mais próximo. Se ele a gastava em sopa, vinho, putas ou literatura clássica era lá com ele. É isso a esquerda, solidariedade e liberdade.
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Espelho
Tenho com o espelho uma relação utilitária. Alinhamento do cabelo cortado a pente 4, o cuidado para não sangrar ao fazer a barba. Raramente olho para o outro lado, observo o homem que se escanhoa. Hoje perdi dois segundos a analisar o reflectido. Do jovem magro, quase franzino, de cabelo comprido, pouco resta. Quem me olha é um quarentão, pesado, olheiras fundas e cabelos grisalhos. E, no entanto, o brilho dos olhos está lá. O tempo exerce a função, torna baço o outrora resplandecente. Mas os olhos de menino, despertos para a vida, curiosos, atentos e inseguros, permanecem. Nem tudo está perdido.
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domingo, 22 de janeiro de 2012
D. Sofia
A amizade une-nos desde a 1ª classe. Quatro mosqueteiros que 41 anos depois mantêm o espírito de miúdos reunindo-se frequentemente. Não conheço mais ninguém que desde a infância tenha mantido contacto regular com os colegas da escola primária. O que nos uniu? Que marcas são estas que se prolongam por toda uma vida?
Fomos educados numa escola particular em que nunca - leram bem - nunca, nenhum aluno tirou menos que Bom no exame oficial que éramos obrigados a fazer no final da 4ª classe. O método? O terror. A D. Sofia dava aulas às quatro classes ao mesmo tempo. Quatro filas, cada fila uma classe. Ao fundo o retrato de Marcello Caetano e Américo Tomás. Entre eles o mapa do império português.
Assisti a tareias incontáveis, levei os meus tabefes, reguadas, fui vítima da palmatória. Cada vez que éramos chamados ao quadro as pernas tremiam como varas verdes. A D. Sofia, baixinha e mamalhuda, fazia uso da violência com frequência inusitada. O medo era tal que um colega chegou urinar-se. De medo puro. Assistimos [e fomos vítimas] de actos de violência que, hoje, postos no youtube dariam prisão. Não imaginam o combate e a resistência que foi o nosso ensino primário.
Talvez por isso unimo-nos nesta adversidade, de tal forma que a amizade subsiste até hoje. Raramente evocamos esses tempos. Os momentos difíceis potenciam a solidariedade, o apoio, a entreajuda. Uma lição de e para a vida que faz tanto sentido hoje como quando em 1970 cheguei àquele ringue.
Fomos educados numa escola particular em que nunca - leram bem - nunca, nenhum aluno tirou menos que Bom no exame oficial que éramos obrigados a fazer no final da 4ª classe. O método? O terror. A D. Sofia dava aulas às quatro classes ao mesmo tempo. Quatro filas, cada fila uma classe. Ao fundo o retrato de Marcello Caetano e Américo Tomás. Entre eles o mapa do império português.
Assisti a tareias incontáveis, levei os meus tabefes, reguadas, fui vítima da palmatória. Cada vez que éramos chamados ao quadro as pernas tremiam como varas verdes. A D. Sofia, baixinha e mamalhuda, fazia uso da violência com frequência inusitada. O medo era tal que um colega chegou urinar-se. De medo puro. Assistimos [e fomos vítimas] de actos de violência que, hoje, postos no youtube dariam prisão. Não imaginam o combate e a resistência que foi o nosso ensino primário.
Talvez por isso unimo-nos nesta adversidade, de tal forma que a amizade subsiste até hoje. Raramente evocamos esses tempos. Os momentos difíceis potenciam a solidariedade, o apoio, a entreajuda. Uma lição de e para a vida que faz tanto sentido hoje como quando em 1970 cheguei àquele ringue.
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sábado, 21 de janeiro de 2012
Desligando
As notícias são sempre a subtrair. Subtracção nos direitos dos trabalhadores, nas escolas e professores, na saúde, nas garantias sociais. Encontro-me numa dicotomia entre a vontade de estar informado e a dificuldade em lidar no que o País se está a transformar. Lentamente vou abandonando jornais, TV, informação em geral. Tenho assistido a momentos de servilismo ideológico atroz, nomeadamente pelo ex-ajudante de campo de Kaúlza.
Não quero saber.
Com o espectro do downsizing sobre as cabeças dos que ainda têm emprego, vou-me refugiando nos livros e nos filmes. Tentei, de modo modesto, combater a apatia. Parece que é endémica. Também por isso, o purgatório vai-se transformando num diário cada vez mais pessoal e menos preocupado com questões de cidadania. Os amigos que por aqui passam, interrogar-se-ão se estou a ceder. Nunca. Quando for preciso lutar, estarei, como sempre, na fila da frente. Em manifestações, protestos, actos cívicos.
Sou um dos 20% que tentou que o statu quo não se perpetuasse no último acto eleitoral. Sei bem que a participação democrática não se esgota nas eleições. Mas já não sei lidar com este povo que, espoliado dos seus direitos, nada diz, nada faz. As ilusões de que poderia ter um humilde contributo na luta pelos direitos à saúde, ao ensino, à melhoria de condições dos portugueses, vão-se desvanecendo. Vou viver a minha vidinha, dia a dia, o melhor e mais solidário que for capaz. Desligando ...
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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
O Homem (Manual de Utilização)
Muito se reflecte sobre a complexidade das mulheres. São multi-tarefa, mães, amigas, amantes, confidentes. A nossa perplexidade sobre o género feminino é tal que Manuel Jorge Marmelo, escreveu "As mulheres deviam vir com livro de instruções". Nós os homens somos bem mais simples. Se analisarem friamente o "sexo forte", como os cães, move-se essencialmente por três tipos de estímulos, a saber:
1 - O homem gosta que lhe passem a mão pelo pêlo (impossível com o NAO). O (aparentemente) mais seguro dos homens é um mariquinhas, sempre com medo que não gostem dele. A maioria é infinitamente mais frágil do que as fêmeas. Por isso, passe-lhe a mão pelo pêlo. Diga-lhe quão inteligente, bonito e culto ele é. Mesmo os que sabem que não possuem nenhuma dessas qualidades, fingirão que é verdade. Abanarão a cauda, contentes, disponíveis para anuir a todas as suasordens sugestões.
2- Um homem precisa de brinquedos e tempo para brincar. Nós nunca crescemos. Às vezes brincamos com carros, com livros, com gadgets. Para manter o seu homem feliz basta valorizar os seus brinquedos e partilhar a sua alegria. É o equivalente ao jogo do "busca" canino. Mostrar-se entusiasmada com aquele telemóvel que ele comprou ontem, proporciona-lhe segurança e afecto. Mesmo que não se interesse por telemóveis, finga por 2 minutos. 99,9% dos homens não se vai aperceber.
3- O homem, tal como o cão, valoriza a ração. Diz o ditado "os homens conquistam-se pelo estômago". Tal não é inteiramente verdade, mas o seuanimal homem, como todos, adora paparoca. Ocasionalmente e para o manter satisfeito, troque a ração habitual de douradinhos e puré por um arroz de pato à antiga. Durante semanas vai propagandear aos amigos a sua habilidade culinária. Usar com moderação, sob pena de estar a criar uma raça hiper-nutrida.
Claro que estas dicas não são universais. Tal como nos cães existem várias raças de homem. Desde o pinscher que ladra muito e não faz nada, passando pelo sempre alegre mas glutão labrador, até ao bullldogue inglês, pachorrento, que ressona 80% do tempo. Compete-lhe adaptar as instruções acima às especificidades do seuanimal companheiro.
1 - O homem gosta que lhe passem a mão pelo pêlo (impossível com o NAO). O (aparentemente) mais seguro dos homens é um mariquinhas, sempre com medo que não gostem dele. A maioria é infinitamente mais frágil do que as fêmeas. Por isso, passe-lhe a mão pelo pêlo. Diga-lhe quão inteligente, bonito e culto ele é. Mesmo os que sabem que não possuem nenhuma dessas qualidades, fingirão que é verdade. Abanarão a cauda, contentes, disponíveis para anuir a todas as suas
2- Um homem precisa de brinquedos e tempo para brincar. Nós nunca crescemos. Às vezes brincamos com carros, com livros, com gadgets. Para manter o seu homem feliz basta valorizar os seus brinquedos e partilhar a sua alegria. É o equivalente ao jogo do "busca" canino. Mostrar-se entusiasmada com aquele telemóvel que ele comprou ontem, proporciona-lhe segurança e afecto. Mesmo que não se interesse por telemóveis, finga por 2 minutos. 99,9% dos homens não se vai aperceber.
3- O homem, tal como o cão, valoriza a ração. Diz o ditado "os homens conquistam-se pelo estômago". Tal não é inteiramente verdade, mas o seu
Claro que estas dicas não são universais. Tal como nos cães existem várias raças de homem. Desde o pinscher que ladra muito e não faz nada, passando pelo sempre alegre mas glutão labrador, até ao bullldogue inglês, pachorrento, que ressona 80% do tempo. Compete-lhe adaptar as instruções acima às especificidades do seu
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terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Um deserto em mim ...
Sempre sonhei com o deserto. É inexplicável a razão porque antes de o conhecer preenchia o meu imaginário. Fui tuareg, cruzei o agreste de pedras até chegar à areia mais fina. Sonhei ser cameleiro, transportando sal, tecidos, perfumes, de oásis em oásis. Porque o monte de verde que se avista ao longe dá sentido à infinita variedade da repetição. As paisagens desérticas são simultaneamente as mais monótonas e as mais diversas. Tudo é único, tudo é igual. Dir-me-ão que é assim com toda a natureza. Não o sinto. Sou levado à minha verdadeira dimensão. Um eterno nada, que se repete sempre diferente. Uma síntese da humanidade, que tenta achar diversidade para sentir o conforto de uma aparente singularidade. Tenho um deserto dentro de mim. Sou como tu, sempre igual e no entanto sempre diferente.
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
urso
Com a idade estou a ficar semelhante ao urso. Desengane-se quem pensa que são apenas semelhanças físicas. Tal como os ursídeos, anseio por um longo inverno a dormir, com baixo batimento cardíaco e sem sombra de preocupação. Acordaria magro, num dia solarengo e primaveril, em que nevoeiros, chuvas e frio não fossem mais do que uma recordação distante.
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domingo, 8 de janeiro de 2012
afectos
Gosto de dar abraços e beijos, saúdo os amigos efusivamente, distribuo palmadas nas costas e apertos de mão vigorosos. Sou um homem de afectos e gosto de os manifestar. Esta minha "afectividade física", é para alguns, estranha. Há pessoas avessas ao contacto por timidez, obsessão, contenção e outras razões que me são desconhecidas.
Hoje, num encontro de amigos, e após as minhas habituais demonstrações de carinho, que aceitam com tolerância, dei comigo a pensar nos porquês deste meu modo.
Por razões profissionais, os meus pais deixaram-me desde tenra idade, aos cuidados dos avós. Os avós - na prática os meus pais - tinham grande dificuldade em demonstrar o seu amor fisicamente. Durante toda a minha infância recebi solenes apertos de mão do avô quando me distinguia nos estudos. A avó, capaz de matar o talhante se ele não lhe desse o melhor bife de lombo para o seu menino, não era pessoa de beijos ou abraços. Manifestava o seu carinho dando-me o seu apoio incondicional em todas as minhas tonterias de infância e adolescência. Passava-me ocasionalmente a mão pelo cabelo, um gesto raro e reservado aos grandes feitos, como a entrada para a faculdade.
Neste ambiente asséptico, desenvolvi sabe-se lá porque estranhos mecanismos compensatórios, a necessidade física de demonstrar que gosto das pessoas. A verbalização é insuficiente, como se me faltasse amassar os amigos para provar o quanto me são queridos. E interrogo-me sobre o que me leva ao oposto da contenção com que fui criado.
Hoje, num encontro de amigos, e após as minhas habituais demonstrações de carinho, que aceitam com tolerância, dei comigo a pensar nos porquês deste meu modo.
Por razões profissionais, os meus pais deixaram-me desde tenra idade, aos cuidados dos avós. Os avós - na prática os meus pais - tinham grande dificuldade em demonstrar o seu amor fisicamente. Durante toda a minha infância recebi solenes apertos de mão do avô quando me distinguia nos estudos. A avó, capaz de matar o talhante se ele não lhe desse o melhor bife de lombo para o seu menino, não era pessoa de beijos ou abraços. Manifestava o seu carinho dando-me o seu apoio incondicional em todas as minhas tonterias de infância e adolescência. Passava-me ocasionalmente a mão pelo cabelo, um gesto raro e reservado aos grandes feitos, como a entrada para a faculdade.
Neste ambiente asséptico, desenvolvi sabe-se lá porque estranhos mecanismos compensatórios, a necessidade física de demonstrar que gosto das pessoas. A verbalização é insuficiente, como se me faltasse amassar os amigos para provar o quanto me são queridos. E interrogo-me sobre o que me leva ao oposto da contenção com que fui criado.
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sábado, 24 de dezembro de 2011
chefs, lojas gourmet e grand cru
Os portugueses estão cada vez mais pindéricos, com a mania de valorizar tudo o que possua uma aparente sofisticação. Ultimamente chega ao nível do disparate. Os cozinheiros transformaram-se em chefs, as mercearias finas em lojas gourmet e até o café é grand cru.
Gosto da cozinha portuguesa, e conheço bons restaurantes na minha cidade. Não como sushi, tenho medo de me aproximar da cozinha molecular. Sei que os melhores filetes de polvo com arroz do mesmo são no Aleixo, uma tripas digníssimas e bem cozinhadas são servidas a preços módicos no Pombeiro, come-se um bom arroz de marisco no Mauritânia. Como tipo de gostos simples, prefiro estas iguarias portuguesas às "orelhas de coelho crocantes" do senhor Adrià. Embora aprecie a decoração dos pratos, a cozinha de autor, só de olhar para a escassez no prato, dá-me fome.
As lojas gourmet, são uma versão moderna das clássicas mercearias finas. Uma volta por este tipo de estabelecimentos na baixa portuense, fará cair por terra a pretensa especialidade gourmet. Nas mercearias finas da baixa tudo é de altíssima qualidade (bacalhau, queijos, enchidos e um mundo de pequenas delicatessen), sem a pretensão das trufas (que nunca provei, porque não são para o meu bolso e provavelmente para o meu paladar).
Não sei sei o que é o café grand cru, até porque sempre fui rapaz para preferir um grand cozido à la portugaise. O meu avó, experiente apreciador de café, comprava vários lotes na Casa Christina em quantidades certas e pedia para ser moído com uma determinada especificidade que nunca entendi. Era o melhor café do mundo. Agora é grand cru em cápsulas, vendendo uma imagem e complexidade que me põe de pé atrás.
Serei um simplório certamente, mas tanta gente fina, que 20 anos antes só comia carapau do gato, deixam-me suspeitoso sobre a veracidade da sua (ou da que lhes vendem) sofisticação.
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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Segredos
Raramente releio o que escrevo. Em primeiro lugar porque a qualidade da prosa é, sei-o bem, abaixo de medíocre. E, embora ocasionalmente goste de fazer de palhaço, ser confrontado com a minha inabilidade com as palavras, doí-me fundo. Mas, com o purgatório, encontrei uma forma de me exprimir. Eventualmente feriria menos sensibilidades se me entregasse a divagações com telas e pincel. Mas, infelizmente para quem me lê, esse não é o meu meio. Já escrevi sobre intimidades e manifestei um certo gosto pela escatologia. Falei sobre flatulências, a minha vasta experiência sexual, escrevi "estórias" reais e inventadas. É por isso que acho patético quando as pessoas dizem que não têm segredos. Todos temos. Nunca revelamos senão o que nos apetece. As angústias, desejos, ansiedades, medos, ficam sempre guardados num espaço de reserva íntimo e pessoal que nunca partilho. Só revelei o que quis, como quis, quando quis, porque quis. Porque a intimidade é o nosso maior segredo. É espaço de reserva absoluta. Não me façam rir dizendo "não tenho segredos" ou "a minha vida é um livro aberto". Nunca é. Quem diz o contrário ou é parvo ou mentiroso.
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terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Síndrome de Tourette
Um colega e amigo acusou-me [e aos bloggers em geral] de termos uma nuvem negra sobre a cabeça, e de sermos, em geral, destrutivos, exageradamente críticos e ocasionalmente cáusticos. Não possso deixar de lhe dar razão. Mas, cada vez que ligo a televisão ou leio as notícias, sinto-me vítima do Síndrome de Tourette.
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sábado, 17 de dezembro de 2011
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
1 departamento, 29 trabalhadores, 1 grevista
Ao ser o único, entre os 29 do meu departamento a aderir à greve, arrisco bastante. Arrisco-me a ser o primeiro numa série de cortes e despedimentos previstos. Diga-se o que se disser, no sector privado aderir à greve é mais difícil do que no público. Todos têm medo. Dos cortes salariais e dos despedimentos. Provavelmente haveria uma potencial meia-dúzia de pessoas com vontade de fazer greve. Mas, como sempre, acobardar-se-ão. É compreensível. Todos temos a vida por um fio. Mas, é nestas alturas que se distinguem os princípios das conveniências. Por isso, faço greve.
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terça-feira, 15 de novembro de 2011
Despertar
Acordar tornou-se a tarefa mais ingrata do dia. Com a chuva e o frio entro em modo de hibernação. Um café e um cigarro precendem a chuveirada. E podia estar ali horas, secar-me e voltaria a dormir no segundo seguinte. Dizem-me que é dos medicamentos que tomo. Dizem-me que quando tive um AVC algo se fundiu na minha cabeça. Acho que não. Após 25 anos de trabalho é difícil encontram motivação para repetir tarefas, rotinas. Como um urso, sonho enroscar-me e acordar numa bela manhã de Primavera. Não sentem o mesmo?
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