Com a estreia do filme sobre Margaret Thatcher, "The Iron Lady", reavivou-se um dos mitos mais queridos à direita portuguesa, a "mulher de tomates". Confesso que nunca consegui achar encantatório a posse do bamboleante apetrecho por parte de mulheres, na política ou na vida. As três mulheres com quem dormi (a minha mãe, mulher e filha), femininamente, não possuem este apêndice.
No entanto, a direita não é capaz de ver uma mulher corajosa sem lhe colocar alguma característica masculina, neste caso os afamados testículos. Leonor Beleza e Manuela Ferreira Leite, povoam o imaginário destro luso por serem "mulheres de tomates". É-me bem mais agradável uma parlamentar como Natália Correia (uma beldade ao seu tempo), firme, mais cheia de encanto, ou mais recentemente uma Rita Rato ou Ana Drago. A direita, machista até nas qualidades femininas, adiciona-lhe características masculinas.
Feliz de mim, que posso ter sonhos eróticos com as duas deputadas de esquerda sem sombra de pecado e sem lhes ver um pingo de masculinidade. Já devaneios com Leonor Beleza ou Ferreira Leite configuram algo mais próximo do pesadelo. Cada um sabe com o que se identifica e um bom psicanalista é capaz de arranjar freudiana explicação para o fascínio dos conservadores por mulheres com características masculinas.
