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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Tintin revisitado


A minha infância foi passada entre livros do Tintin. Vibrei com as suas aventuras, do Congo à América Latina, dos Estados Unidos à China, do Tibete ao Médio Oriente. É pois, com alguma expectativa que aguardo a sua passagem da BD e do cinema de animação ao sofisticado 3D. A tecnologia actual permite um hiper-realismo, inimaginável há apenas 10 anos atrás. Ficaremos todos convictos, como a minha filha, que o repórter da poupa e o Capitão Haddock existem mesmo. E é interessante ver este renascimento editorial de nomes que marcaram a geração que agora tem 40 anos. Do Homem-Aranha aos livros dos Cinco, tudo está a ser revisitado. Fica-me uma dúvida. Será que a qualidade destas séries e livros se impôs naturalmente, ou estaremos a servir aos nossos filhos os nossos heróis em edição revista e aumentada?

domingo, 4 de setembro de 2011

Não à Lei Barreto!

(clique para aumentar)

Ninguém pode acusar "sua santidade" António Barreto de incoerência. Ontem como hoje a Constituição da República Portuguesa era um objecto a ser "revisto". Apenas me surpreende que António Barreto tenha sido ressuscitado nos idos de 90 por uma certa esquerda. O seu percurso sempre foi de num tom de voz cordato e numa atitude planante se marimbar para a Constituição. Este mural data de 1976 ou 77, e estava na Rua Júlio Dinis, no Porto. Sinal dos tempos, este muro desapareceu para dar lugar a um condomínio de luxo, pomposamente designado Les Palaces.
Mais imagens do mural aqui.

sábado, 3 de setembro de 2011

Vícios

Conversa de antanho num autocarro (35 ou 37) algures entre a baixa e a antiga Faculdade de Letras.

- Os meus sentimentos.
- Obrigado. Já sabe? Deu-lhe uma trombose.
- E a Sra. como vai?
- Vai-se andando. Tenho saudades dele. Era bom homem. Só tinha o vício das putas.

domingo, 10 de julho de 2011

dos meus namoros

A propósito do post anterior lembrei-me como as relações afectivas mudaram nos últimos anos. Hoje os jovens não namoram, "andam". Iniciei-me nas lides do namoro da forma mais pérfida que se pode imaginar. Roubando a potencial namorada a um amigo que não atava nem desatava. Eu desempatei a meu favor. Seguiram-se namoricos, sem grande critério a não ser o de, como todo o ser humano, cumprir o supremo desejo de me sentir amado. Como sou um romântico guardei cartas e bilhetes trocados durante muitos anos. Coisas infantis e inocentes, que hoje fariam rir um adolescente de 13 anos.

Naquele tempo, os locais privilegiados para encontrarmos a nossa alma gémea eram as festas de garagem. Umas mais organizadas, com comes e bebes, outras verdadeiramente underground. O momento alto, os slows. Havia truques requintados, como pedir do DJ de serviço para passar a versão longa do "I'm still loving you" dos Scorpions. Com sorte conseguia-se beijar uma rapariga e marcar encontro para o dia seguinte. Com azar afundávamo-nos na Super Bock, encostados a um canto com o ar mais rebelde possível.

Com 16 anos, as relações sexuais entre adolescentes eram coisa quase inexistente. Uns beijos mais ousados, umas mãos mais atrevidas, empurradas com uma negação consentida e ficávamos por aí. Sexo só depois de um longo período (e quanto digo longo quero dizer meses ou até anos) de avanços e recuos, com uma namorada fixa, a quem já tivéssemos dado prova de amor eterno. Não era de todo invulgar ter a primeira relação sexual com a namorada de longa data com 17, 18 ou 19 anos. Talvez por ter vivido dessa forma, nunca fui homem de "one nigth stand". Não porque faltasse vontade, simplesmente porque tal só era possível recorrendo a miúdas de má fama ou a profissionais do amor. Do meu curriculum nenhum destes tipos consta.

Confissões sem interesse, meramente geracionais, dirão uns. Eu vivi de forma bem mais intensa, pensarão outros. Sinceramente, estou-me nas tintas. De uma coisa tenho a certeza. O que aqui escrevi representa o modo de viver da maioria dos que agora têm 40 e muitos anos. Quanto mais não seja, existe aqui matéria antropológica.

Nota para os menos perspicazes: a última frase é uma piada.

quinta-feira, 3 de março de 2011

À minha porta



Estamos no ano 2011 depois de Cristo. Toda a Portucale foi ocupada pelos centros comerciais... Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis comerciantes ainda resiste ao invasor.

Esta é a drogaria Avenida de França, bem à saída do metro. Um estabelecimento do Sr. António Joaquim. Dentro de menos de 10m2 acumula-se tudo o que se pode imaginar. A loja é um pequeno prodígio de capacidade de arrumação. Passem por lá para ver como eram as drogarias nos anos 60 e 70 e serão bem recebidos.

A péssima qualidade das fotografias é culpa inteiramente minha, e de um smartphone que ainda não domino.
Mas ficaram com uma ideia, certo?

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

coisas de antanho ... (V)

Fonte: www.portoantigo.org
Sorrio quando me lembro do Bazar dos Três Vintens. Criado em Cedofeita, aquela casa foi o Toys'R'Us da minha geração e de muitos outros portuenses. Recordo-me das muito desejadas pistas de comboios, das pistas de corrida da Scalextric e dos mais acessíveis carros de metal da Matchbox.
Naquele longo corredor concentravam-se todos os meus desejos de menino. As nossas opções era reduzidas, bem como a ânsia consumista. Um qualquer boneco de chumbo era suficiente para nos deixar felizes.
Com o passar dos anos e os hiper-mega-giga supermercados de brinquedos, o Bazar dos Três Vintens caiu em decadência, mantendo da sua antiga glória apenas os magníficos azulejos da fachada.
Agora está lá uma qualquer Zara ...
Mas o Bazar está bem vivo nas recordações de infância de várias gerações de portuenses que ali concretizaram os seus sonhos ou namoriscaram durante meses aquele carrinho...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

coisas de antanho ... (IV)

Uma das profissões desaparecidas que mais nostalgia me causa é a de Polícia-Sinaleiro. Todos os que têm mais de quarenta se lembram de no Porto existirem Sinaleiros. Os "cabeças-de-giz", organizavam o trânsito de um modo humano, em cima da peanha, apito vigoroso e gestos elegantes.
E havia respeitinho, não se ignoravam as ordens de um sinaleiro, como agora se ignoram os vermelhos, vulgarmente apelidados de "verde-tinto".
Com eles desapareceu também um lado humano da gestão de trânsito, agora organizado de forma informática, por um sistema que se chama GERTRUDE.
Embora o volume de tráfego seja incomparavelmente maior do que há trinta anos, ainda não estou convencido que a troca do "cabeça-de-giz", pelo GERTRUDE tenha sido uma mais-valia para a cidade e os seus habitantes.
É que nestas coisas humanas, mão humana a coordenar é sempre mais sensível.

coisa de antanho sugerida pelo meu irmão, Pedro.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

coisas de antanho ... (III)




III - A Laranjina C

A Laranjina pode não ser a mãe de todos os refrigerantes, mas tem um lugar cativo na minha memória.
A  forma original da garrafa, e a publicidade que está acima proporcionaram-lhe a imortalidade. Não tinha um sabor por aí além, aliás acho que era só água gaseificada, com aroma de laranja. Mas devido ao elevado teor de gás provocava dos maiores arrotos que ouvi até hoje.
E era ver a malta a beber a laranjina de golada e entrar em concursos de arrotos, que fariam qualquer árabe corar de vergonha.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

coisas de antanho ... (II)

(II) - Os Kentucky(s)

Os Kentucky foram responsáveis pela minha iniciação ao tabagismo. Os famosos "mata-ratos", eram adquiridos em maço, ou avulso (sim, antigamente vendiam-se cigarros avulso), no quiosque das "corcundinhas" nos Mártires da Liberdade. Antes do mais as "corcundinhas" eram duas (supostamente) primas, assim popularmente conhecidas por serem corcundas. Sem piedade, ou politicamente correcto, mas com este terno idiotismo, era assim que toda a gente lhes chamava, sem que isso significasse falta de respeito.

Os Kentuckys eram partilhados entre os amigos, como se de um charro se tratasse. Dá cá uma passa, e havia dois ou três a partilhar do mesmo cigarro raquítico.
É preciso que se diga, que há trinta anos atrás, as preocupações com hepatites, herpes, gripes ou outras doenças transmissiveis eram para nós completamente inexistentes.
Além do mais, longe da sociedade anti-tabágica em que vivemos, fumar era coisa de macho, e só os tótós é que não fumavam.
Ainda me lembro do sabor daqueles cigarros fininhos, vendidos nuns maços ridiculamente pequenos e feios, que tantas vezes me mataram a "traça".

domingo, 12 de dezembro de 2010

coisas de antanho ... (I)

Inicio hoje, aqui no purgatório, uma nova rubrica, dedicada às lojas, livros, publicidade, etc.,  do tempo em que os animais ainda falavam. Esta ideia surgiu, numa conversa entre colegas de trabalho, em que se falava de estabelecimentos, publicidade e instituições que povoaram a memória dos que hoje são jovens entre os 40 e os 50 anos. Vieram à baila nome míticos como a "Casa os Plásticos", o "Bazar dos 3 Vinténs", a publicidade à Laranjina C, Fruto Real, Restaurador Olex, cera Búfalo e muitos outros sítios e produtos míticos.


(I) - A revista Tintin

Era coisa de "intelectuais", dos que procuravam fugir aos abarasileirados "Patinhas", ou aos tradicionais comics americanos, repletos de super-heróis. Quem nunca leu a revista Tintin, que levante a mão.
Foi ela que nos deu a conhecer alguns dos melhores autores de BD europeia, foi ela que introduziu o hoje mui celebrado "Corto Maltese". Na altura a polémica foi tal que tiveram de publicar as primeiras estórias a cores, pois o "publicuzinho", não estava preparado para BD a preto e branco.
Ainda conservo dois volumes de 26 exemplares encadernados.
Lanço aqui o desafio a que me lê, de sugerir mais "coisas de antanho" ...