terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Um deserto em mim ...


Sempre sonhei com o deserto. É inexplicável a razão porque antes de o conhecer preenchia o meu imaginário. Fui tuareg, cruzei o agreste de pedras até chegar à areia mais fina. Sonhei ser cameleiro, transportando sal, tecidos, perfumes, de oásis em oásis. Porque o monte de verde que se avista ao longe dá sentido à infinita variedade da repetição. As paisagens desérticas são simultaneamente as mais monótonas e as mais diversas. Tudo é único, tudo é igual. Dir-me-ão que é assim com toda a natureza. Não o sinto. Sou levado à minha verdadeira dimensão. Um eterno nada, que se repete sempre diferente. Uma síntese da humanidade, que tenta achar diversidade para sentir o conforto de uma aparente singularidade. Tenho um deserto dentro de mim. Sou como tu, sempre igual e no entanto sempre diferente.

4 comentários:

Suspiro do Norte disse...

Gostei..

Fernando Lopes disse...

Obrigado. Fico feliz por estes devaneios não soarem demasiado disparatados.

Abraço,

bibónorte disse...

Também gostei.
Bem haja quem assim escreve.

Fernando Lopes disse...

bibónorte,

Num registo mais intimista, sinto-me particularmente inseguro. É bem mais fácil "dar pancada" nos políticos. Agradeço com sinceridade o estímulo.

Abraço,

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