quinta-feira, 31 de março de 2011

O Day After

 

A inevitabilidade da intervenção do Fundo Europeu/FMI, é uma realidade incontornável. Pode tardar, mas cá chegará. Não pelas mãos de Sócrates, que se recusará a carregar esse ónus, mas será o primeiro acto do governo que vier a tomar posse após as eleições.

A Sábado já faz editoriais bilingues, não vão os assessores de Merkel, quererem ler a imprensa lusitana. E depois temos uma reportagem, para todos os que suspiram pela entrada do FE/FMI. Dois jornalistas, deslocaram-se à Irlanda e Grécia. Trazem-nos uma realidade azeda, feita de desemprego, de baixas generalizadas de salários, de retrocesso social, de filhos que regressam à casa dos pais, de angústia e desespero. É um banho de realidade sobre o que nos espera. "Uma espiral descendente sem solução", como caracterizou Eva, uma grega de 40 anos.

E agora, continuem a berrar pelo FMI. Continuem a votar no centrão. Depois falamos.

quarta-feira, 30 de março de 2011

"Os Pais dos Outros" de Romana Petri


E agora, algo de  pessoal. Por razões que não vêm ao caso, fui criado com os meus avós desde os 6 meses de idade. Consequentemente os meus pais foram os meu avós. Quando aos cinco ou seis anos, tentaram que regressasse à casa pátria, a demanda foi inútil. Nem à força me conseguiriam tirar do mundo que conhecia e amava.

A relação foi-se mantendo conturbada e difícil, e deixou marcas que até hoje permanecem. Um sentido de rejeição. Um relacionamento belicoso com o meu pai e mãe. E um orgulho no modo como exerço a paternidade, que quase roça a soberba. Sobre mim nunca foi exercida qualquer tipo de violência. Devo ter apanhado duas ou três merecidas palmadas no rabo. Mas as relações pais-filhos são sempre marcadas por conflitos, enganos e desenganos, e a nossa muito particular mundividência.

Estas confissões foram despoletadas por um livro extremamente agreste sobre as relações entre nós e os nossos progenitores, que se chama "Os Pais dos Outros" de Romana Petri. Para quem viveu situações de conflitualidade extrema, este livro é quase uma catarse, pela mais simples das razões. A visão é sempre a dos filhos, e de como os pais (mesmo os ausentes), formam a nossa personalidade, despoletam as nossas angústias, são o objecto da nossa raiva.

Ou como nunca passamos de crianças a querer agradar aos pais.

terça-feira, 29 de março de 2011

Até tu, Moedas?

Há quem se venda por uns trocos. Judas vendeu Cristo por 30 dinheiros. Nem é preciso tanto para Carlos Moedas desdizer o chefe.
Nesse obra prima do jornalismo , que é o "Povo Livre" em formato diário, vulgarmente conhecido como Público.

P.S. - Depois digam que isto não é um pasquim do mais rafeiro que há. O Pedro lá se queixou e o título foi corrigido para um mais softcore.

Título corrigido às 11h00. "Carlos Moedas corrige Passos e afirma que aumento do IVA só aconteceria em “caso hipotético” foi substituído por "Carlos Moedas afirma que aumento do IVA só aconteceria em “caso hipotético”

segunda-feira, 28 de março de 2011

Futre por Rui Unas



Uma dobragem genial de Rui Unas. Dedicado ao meu amigo Fernão, sportinguista dos quatro costados.

From Ireland with love

Para todos os PPDs/PSDs, que andam desejosos que venha aí o FEEF/FMI, uma crónica do Independent , sobre a vida pós FMI. Só para tirarem umas ideias. Roubado do i.

"Allow me to warn you, not only will this bailout, when it is inevitably forced on you, not get you out of your current troubles, it will actually prolong your troubles for generations to come. "

Mais, muito mais do mesmo ...


Quem pensava que Sócrates tinha sido derrubado pelo plano de austeridade que propunha, desengane-se. Tudo o que se passou, não vai além de jogos florais. Passos Coelho que num dia estava preocupado com os velhinhos (são muitos, e votam tradicionalmente nos conservadores), já propôs o aumento do IVA. Assim dá com uma mão e tira com a outra, mas nenhum velhinho poderá dizer que não foi aumentado. Se com esse aumento compra mais, ou até as mesmas coisas, já é outra conversa.


O segundo acto desta opera buffa, é a fúria privatizadora do PSD. Privatize-se, para ser a panaceia para todos os problemas na São Caetano à Lapa. E se há privatizações que posso aceitar, as que são propostas atemorizam-me. Passos Coelho diz que “Votámos contra o PEC porque não foi tão longe quanto devia”. Transportes e água estão na mira das privatizações. Depois, com tempo, virá o ensino, a saúde e o que mais se quiser. A conclusão é que este moço com ar de "Ken" de trazer por casa, quer importar o modelo liberal norte-americano, precisamente o que mais desigualdades tem gerado entre os países ditos "civilizados". Alguém que faça o favor e envie ao jovem os documentários do Michael Moore. Só para ele ver no que podem dar as privatizações selvagens.

P.S. - Nesse pasquim de referência que se dá pelo nome de Público, nem uma nota sobre estas declarações. De certeza que o ex-maoista , José Manuel Fernandes, já não manda naquela tasca?

domingo, 27 de março de 2011

Angústia depois do jantar

Resolvi, por razões de decência e privacidade manter um mínimo de reserva da meia dúzia de pessoas que lêem isto. Ao privado, o que é privado. No entanto, um mail que recebi, agitou fantasmas velhos, desilusões mal resolvidas, frustrações e angústias que misteriosamente me acompanham e nunca cessam de me andar a meu lado. A angústia que me consome, já me levou em tempos idos a uma overdose de comprimidos e whisky. Valeu-me um irmão diligente e uma mulher preocupada. Tudo se resolveu com uma lavagem intestinal e uma algália de que ainda hoje guardo péssimas recordações. Mas os fantasmas permanecem. E há momentos, durante a noite, em que incapaz de dormir me ponho a pensar como será o sono eterno, longe do mundo e das preocupações do dia-a-dia. Dir-me-ão que é uma atitude dos fracos. Talvez. Mas o vazio em momentos de indefinível angústia parece tentador. A ver se com este exercício afasto de vez estes fantasmas que persistem em me acompanhar.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Killing an arab


A propósito da notícia e fotos publicada no "Der Spiegel"  de um pelotão de execução das forças da ONU no Afeganistão. Ou como há talibãs em todo o lado, mesmo que se chamem "kill team".

Preocupante mesmo, é a constatação do "Der Spiegel" de que “Só publicamos uma ínfima parte, três de cerca de 4000 fotos e vídeos, apenas o indispensável para contar a história de uma guerra que começou com as melhores intenções, que devia perseguir terroristas da Al-Qaeda do Afeganistão, que foi autorizada por um mandato da ONU, mas que há muito se tornou uma outra guerra".

O pai de todos os gadgets


O Iphone é, de facto, o pai de todos os gadgets. Depois de uma aplicação que permite a confissão (embora vetada pelo Vaticano), agora surge uma nova app que pretende "curar" a homossexualidade.
Pelo sim, pelo não já gritei ao meu que sou ateu e hetero, não vá ele pôr-se com coisas. Se não fosse triste, seria risível ...

quinta-feira, 24 de março de 2011

Sua Santidade António Barreto

Fonte: http://wehavekaosinthegarden.wordpress.com

António Barreto, personagem respeitável, mas que apanhou a mania que navega acima da política, fala com ar cândido, quase clerical. Considera importante que "os três partidos do arco democrático, se dispusessem previamente a fazer alianças e um programa consensual".
António, permita-me discordar. O momento é de ruptura, trinta anos de "partidos do arco democrático" já chegam. Odeio estes consensos alargados, em manada. Quem quiser ver este novo santo, a pairar, este mestre das evidências, pode clicar aqui. Quanto a mim digo basta! ao arco democrático.

Graffitar

(clique para aumentar)
Nas paredes da minha cidade não existem só garatujos. Existem também momentos de arte. Ou de street art. Prova que o uso de meios não convencionais como expressão artística, pode ir muito além da demência clubística de um SD, taggado em qualquer parede deste Porto meu. Encontrei estes graffitis à porta de um restaurante na ribeira. Têm algo de surrealista, algo de banda desenhada, que me encantou. Partilho-os, porque, às vezes, a arte está à nossa volta e nós demasiados apressados para um exercício tão simples como o da contemplação. Mesmo de um graffiti.

quarta-feira, 23 de março de 2011

terça-feira, 22 de março de 2011

Independência ou Morte!

Sócrates apresenta o PEC IV a Angela Merkel, antes de o apresentar aos portugueses, ao PR e aos outros partidos. O PSD emite um comunicado em inglês a justificar porque derrubará o governo. O Eurogrupo nega a possibilidade de o governo português alterar o PEC na Assembleia da República Portuguesa.

Recuso-me a ser governado por Miguéis de Vasconcelos. Não faço parte de um protectorado alemão.

É altura de os portugueses darem o seu grito do Ipiranga!!

Inglês técnico II ou PPC de calças na mão


Como todos os que visitam o purgatório já sabem, sou um bocado limitado. Se o PSD está tão preocupado com a independência nacional, porque é que emite comunicados em inglês ? Ou será que Passos "Ken" Coelho, tal como Sócrates já está a falar para Angela "Fat Barbie" Merkel em vez de falar para os portugueses? Responda quem souber.

segunda-feira, 21 de março de 2011

A gerontocracia política


Decididamente a nossa classe política está caduca. Na passada semana, o biltre referiu-se à guerra do Ultramar. Para o caso de o Aníbal, rei de Boliqueime, não se ter apercebido, a designação Ultramar não faz sentido histórico nos dias de hoje. Deveria antes falar na guerra colonial. Embora Cavaco não se tenha apercebido, o império morreu em 1975, consequentemente não há Ultramar.

Já Francisco Louçã não demonstra melhor forma mental, ao condenar os ataques à Líbia. E depois há amigos que me vêm falar do mal menor.

Entre este dois, qual é o mal menor ? Venho o diabo e escolha, que eu não sou capaz.

Projecto Tsunami

Autora: ZLGM (12 Anos)
Uma imagem do Projecto Tsunami. Podem ler a notícia aqui, ou ver as magníficas ilustrações do site aqui. Escolhi esta por ser de uma jovem de 12 anos. Prova provada que nunca se é novo de mais para ter consciência e solidariedade para com o mundo que nos rodeia.

domingo, 20 de março de 2011

Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado


Final do célebre "Manifesto Anti-Dantas", de José de Almada Negreiros, dito por Mário Viegas.

"Odisseia Amanhecer"

 

Forças ocidentais começaram a bombardear a Líbia, para proteger os civis de Khadafi. É certo que algo tinha de ser feito. Terrível será o Day After. Como todos sabemos, a coligação está tão interessada na defesa do povo líbio, como os portugueses na preservação de Sócrates. As circunstâncias levaram a esta associação improvável que dá pelo nome de "Odisseia Amanhecer". A ver se estão verdadeiramente interessados na democracia ou no controle do petróleo líbio. Por uma vez, esperemos que os valores humanos se sobreponham aos interesses das multinacionais. Só por esta vez.

Um sítio bem frequentado

Correndo o risco de ser juiz em causa própria, e sabendo que funciono mais pela afectividade do que pela racionalidade, tenho de agradecer todos os comentários dos amigos que por aqui passam. O purgatório, está, para mim, a ficar um blogue muito bem frequentado. Uns mais elaborados, outros mais cáusticos, outros ainda, lindamente cínicos, quero agradecer a todos os que comentam os meus disparates. A  vossa participação é enriquecedora e possibilita belos momentos de reflexão. Obrigado a todos os que activamente participam no purgatório. Vocês sabem quem são.

sábado, 19 de março de 2011

Ainda os Homens da Luta


Há quem veja nos Homens da Luta uma sátira de mau gosto, uma caricatura, pelo ridículo do engajamento político do PREC. Permitam-me ser, como já começa a ser hábito, uma voz dissonante. Vejo os Homens da Luta, como uma homenagem a esse espírito. Tempo de que não sendo saudosista, nem encontrando virtudes nas imensas barbaridades cometidas, era hora de debate, de análise, de empenhamento na melhoria das condições de vida e na procura de uma sociedade menos desigual.

Recordo-me particularmente de dois casos que me marcaram apesar da tenra idade. Pela positiva a guerra movida aos subalugas, que eram pessoas que alugavam casas (normalmente) enormes, a preços irrisórios, e posteriormente realugavam a jovens casais, estudantes e pessoas com dificuldades, quartos a preços exorbitantes. Uma forma de parasitismo que à época foi fortemente combatida.Pela negativa, o despejo do patrão de três (3) empregados, na oficina de encadernação que utilizava na altura. Vi o homem (um patrão-trabalhador), chorando copiosamente, porque os três empregados o tinham posto fora, com ameaças, da oficina que fundara, geria e onde trabalhava.Porque esta estórias têm sítio, a primeira passou-se em Oliveira Monteiro, e a segunda em Sacadura Cabral, junto a Cedofeita.

O PREC já lá vai, é um tempo que não se repete. Como cidadãos temos a obrigação de manter o empenhamento na melhoria de condições de vida para todos. Afinal, a nossa sociedade gera mais riqueza dos que nos anos 70. Continua é a ser repartida por meia dúzia de famílias e eleitos. Cabe-nos combater estas assimetrias da melhor forma que podermos e soubermos. Juntos.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Diferentes mas iguais



O purgatório esteve ausente para uma sessão de trabalho em Tomar. Como nem só de trabalho vive o homem, aproveitou para levar carinho e presentes para os jovens da CIRE (Centro de Integração e Reabilitação de Tomar). Recebeu muito mais do que deu. Recebeu um espectáculo de jovens com necessidades educativas especiais, carinho, afecto e a constatação do óbvio. Todos diferentes, todos iguais. E é bom que os jovens com necessidades educativas especiais se sintam acarinhados. De certeza que foi mútuo.

quinta-feira, 17 de março de 2011

O que faz falta



Curiosa, a mania que a história tem de se repetir. Quando andamos todos cabisbaixos, desanimados, quando o pão que comemos sabe a merda, esta canção do Zeca faz todo o sentido. Ouvi-a pela primeira vez em 1975. Hoje é mais actual que nunca. Ouçam-na bem alto, nesta nova roupagem.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Amor incondicional

Num fim de tarde, enquanto partilhava bolinhos e cumplicidades com a minha filha, uma senhora aproximou-se de nós e disse baixinho:
- É a única mulher que o vai amar incondicionalmente até ao fim da sua vida.
Vi naquilo, humanas saudades, de um pai que já partiu. Hoje, reflectindo, acho que é bem capaz de ter razão.

terça-feira, 15 de março de 2011

À mulher de Alberto


À mulher de Alberto não basta ser séria. 72 mil euros de suplemento remuneratório não são 72. Várias hipóteses:

- ou o Secretário de Estado quis ser amigo do chefe, mesmo não lhe conhecendo a mulher.

- Alberto está tão bem de vida, que não reparou numa vitamina de 72 mil euros no seu extracto bancário.

- a mulher de Alberto, usou a sua influência para pressionar o Secretário de Estado.

Por absurdo pode também a mulher de Alberto ter um caso com o Secretário de Estado, sendo os 72 mil para passarem férias num qualquer paraíso tropical, enquanto Alberto se mata para que a nossa justiça esteja num brinquinho.

Em qualquer dos casos, é grave. Alberto, como parte interessada, devia colocar o seu lugar à disposição. Não o fez, preferindo dar uma conferência de imprensa. E pensar que a mulher de Alberto me pode processar deixa-me preocupado. Afinal tem mais 72 mil do que eu para gastar em advogados.

Japão

Nenhum de nós pode ficar indiferente à catástrofe do Japão. Na sociedade da prevenção, a natureza agiu com uma força desmesurada, esboroando os planos de segurança do país. Às vezes recebemos estas lições de humildade. Ainda recentemente tinha estado a ver no Discovery, um programa sobre a arquitectura nipónica, que os próprios consideravam, justificadamente, a única no mundo preparada para resistir a grandes sismos. De nada adiantou. Depois do maremoto, segue-se a catástrofe nuclear. Sei que este post está pleno de trivialidades, mas a construção anti-sísmica e o nuclear são colocados em questão por fenómenos que desconhecemos e somos incapazes de prever. Reduz-nos à frágil condição humana. Dá que pensar, como a nossa melhor ciência e técnica, podem ser questionadas por um simples fenómeno natural. A deslocação de duas placas tectónicas.

P.S. - Com a tragédia nuclear que se avizinha, é uma boa altura para debater se o que pagamos a mais pela nossa energia compensa a opção pelo não atómico. Eu prefiro viver sem esse pesadelo por perto, embora não seja totalmente insensível ao quanto energia barata pode ser importante para a indústria.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Parabéns filha!!!


Parabéns, filha!! Pensar que ainda ontem eras assim ... 
Estás com cara de má! E não, o orelhudo não era meu filho, mas quase...

Viragem à esquerda?


A intelligentia política desde há semanas que tem proposto o que designam por pacto alargado de regime. Até a versão softcore do beato João César da Neves, vulgo Bagão Félix, veio propor este pacto, alargando-o se possível ao PCP. O purgatório pensou, pensou e descobriu a inutilidade do voto nestes três partidos nas eleições legislativas que, inexoravelmente, se aproximam. É que, mente simples, este vosso amigo chega à conclusão que votar PS, PSD ou CDS será indiferente, pois todos irão "ao pote" em conjunto, qual orgia Caliguliana.
Sendo assim, e uma vez que todos nos apresentam a mesma solução com diferentes matizes, porque não votar na chamada "esquerda radical"? É que deste remédio já provamos todos, e é pior do que óleo de fígado de bacalhau. Saberão eles, os do centrão alargado, que muitas mentes igualmente simples pensarão como eu? Ou tal como Sócrates estão possuídos de uma inexorável vontade de caminhar para o abismo, dando convictos passos em frente?
É pensar, e comentar s.f.f.

domingo, 13 de março de 2011

A., a guerreira

A A. é uma criança muito especial. Primeiro porque é filha de dois amigos meus, que são como irmãos. Em seguida, porque sempre me recebe com um sorriso, pleno de genuinidade, daqueles que só a inocência dos infantes permite. Em terceiro porque a sua curta vida é um exemplo de tenacidade e de luta. A A. nasceu prematura. Durante dois longos meses lutou pela sua vida e ganhou a batalha. Não é de se dar por vencida. Caminha, trôpega, dá uma cabeçada na mesa e continua. Indiferente às maleitas provocadas. Por tudo isto e por razões que só o coração pode explicar, também é um bocadinho minha. Está doente, a travar uma nova luta, que sei irá vencer. Não é à toa que te chamamos guerreira. Um dia destes vou-te visitar e quero ver os dentes de coelho a rirem-se para mim. Como sempre.

Para desanuviar

(clique para aumentar)

sábado, 12 de março de 2011

Dar o braço a torcer

Fonte: Público Online
A manifestação da "Geração à Rasca", foi, quer se queira, quer não, um  sucesso. Mobilizou, não apenas os jovens, mas muitos outros. O purgatório, sempre apoiou a manifestação mas sempre duvidou dos seus resultados. Mal ou bem está criado o rastilho de uma participação cívica na sociedade portuguesa, porque a manifestação agregou descontentamentos, e esteve muito para além do que se propunha.
Saber admitir que se estava errado também faz parte da democracia.
Chapeau, malta!!


Tu precisas tanto
de amor e sossego
e eu preciso de um emprego
se mo arranjares
eu dou-te o que é preciso
por exemplo o paraíso
anda ao deus-dará
perdido nessas ruas
vou ser mais sincero
sinto que ando às arrecuas
preciso de galgar
as escadas do sucesso
e por isso é que eu te peço
arranja-me um emprego

sexta-feira, 11 de março de 2011

O síndroma Calimero

Para acabar de vez com o síndroma Calimero dos "deolindos", dois posts lapidares.
Aqui e aqui .
Sobre isto, não digo mais.

Paulinho

Deu-me o fanico. Entre comprimidos, e para aliviar o tédio resolvi reorganizar os contactos do telemóvel. Dei com o nome do Paulinho. O Paulinho era um amigo meu de juventude, que faleceu num estúpido acidente. Fui ao funeral e despedi-me como sempre. Uma palmada na cara e um - até um dia destes companheiro. Já passaram mais de dois anos, mas não consigo apagar o contacto do telemóvel. Como se ao apagá-lo, extinguisse a possibilidade de o voltar a reencontrar. Como se tivesse medo de apagar a amizade, os copos bebidos, as confissões trocadas. Como se me estivesse a confrontar com a minha própria mortalidade, em que chegará o dia que, também eu, serei um contacto a apagar. Vais ficar por aqui. Um dia destes vou ver-te ao dobrar da esquina, dar-te o estalo carinhoso do costume e dizer:
- Vem daí, vamos beber uma cerveja e pôr a conversa em dia.

quinta-feira, 10 de março de 2011

A manifestação da "Geração à Rasca"

Por uma vez, e só por uma vez, concordo com o execrável Pacheco Pereira. De facto nunca vi a imprensa a demonstrar tanto apoio e entusiasmo a uma manifestação. Metade desta publicidade grátis e a Greve Geral de 24 de Novembro teria tido um efeito devastador. Imprensa independente? Deixem-me rir ...

Citação


"Antigamente, sem hesitar um momento, eu entregaria a defesa dos meus interesses a um advogado, o cuidado da minha saúde a um médico, a segurança da minha pessoa a um polícia. Se as circunstâncias o mandarem também hoje terei de o fazer. Mas sem ilusões. Antes como a rês que ao ser tirada do estábulo nunca sabe se a vão levar para o pasto ou para o matadouro."

J. Rentes de Carvalho em "Tempo Contado"

quarta-feira, 9 de março de 2011

Cavaco, o agitador

Definitivamente, o biltre não é o presidente de todos os portugueses. Não se consegue libertar do primeiro-ministro que foi, e dispara em todas as direcções. No dia em que são dados os tópicos sobre o novo programa do PSD, Cavaco assume-se não como árbitro, mas como parte da contenda política. Deixará Sócrates cair à primeira oportunidade. Legitimamente. Mas o que nos espera será bem pior. O PSD propõe a americanização da sociedade portuguesa. Mexe na gratuitidade do ensino, da saúde, na lei dos despedimentos. Concretizado o programa, as escolas e hospitais públicos, serão para indigentes. Os despedimentos serão fáceis e baratos. Se o PSD vencer, cá me terão a resistir. Por todos os meios, legítimos ou não. Este programa que Cavaco sancionará será o maior retrocesso nos direitos do povo português desde o 25 de Abril. Cabe-nos resistir. Escrevi este post sem ler nada do que circula nos jornais ou blogosfera para não sofrer a mínima interferência, o mínimo soundbyte. Querem guerra? Tê-la-ão.

Extra!! PCP esgota Restaurador Olex para manif à rasca!

Como sempre bem informado, o purgatório soube que o PCP já esgotou o stock de Restaurador Olex para poder participar na manif. do próximo dia 12. Fontes do Comité Central, alertaram o camarada Jerónimo, uma vez que, se a manifestação fosse filmada de cima, seriam mais as carecas e os cabelos brancos do que as cabeleiras fartas dos jovens. O Comité Central, desobrigou a camarada Odete Santos, uma vez que as suas cores capilares são um must, e será integrada junto dos neo-punks.
Francisco Lopes já contactou o barbeiro/desenhador de Berlusconi, que garantiu que conseguirá transformar a parca cabeleira do Xico, num desenho igual ao que o primeiro-ministro italiano ostenta na cabeça.

terça-feira, 8 de março de 2011

Contra-corrente


Ao que leio, doze jovens (doze), resolveram interromper o discurso de Sócrates, para se manifestarem. A blogosfera, cheia de activistas de sofá, deixou logo quinze posts no Twingly do Público a salivarem de contentamento. Sou insuspeito de gostar de Sócrates, já o disse aqui, mas não me parece o local indicado. Sabiam que o ambiente era hostil e mais do que isso, inadequado. É de má educação interromper o jantar de alguém, dizendo que a comida está um lixo. Mas isso não se aprende na universidade, aprende-se em casa. A agitação é na rua, e na rua doze gatos-pingados não têm visibilidade nenhuma. O que vocês querem é aparecer. Manifestem-se na rua, mobilizem, não façam agitprop para TV ver. É na rua que se travam os combates, não em salas partidárias ...
Ponham os olhinhos no médio oriente.

8 de março, Dia Internacional da Mulher



Porque hoje é dia da mulher. Porque este cartoon se aplica a todas as mulheres e não apenas às muçulmanas. Porque o dia da mulher já devia ser coisa do passado.

Porque, cá em casa, tenho sempre a última palavra:
- Sim, querida!

segunda-feira, 7 de março de 2011

A Boulangerie e o sem-abrigo



Quando não tenho de deixar a minha filha no infantário, vou a pé para o emprego. Esses 15 minutos que separam a minha casa do local de trabalho não podiam ser mais contrastantes. São a imagem do país que temos. Vejo carros de 100.000 euros saírem de luxuosos condomínios em que os apartamentos custam mais de 500.000 euros. Barbeiro e drogaria paradas no tempo. Pedintes romenos. Lojas de chineses. Empreiteiros que saem de braço dado do Consulado do Brasil, exibindo voluptuosas brasileiras, como se de um Ferrari ou diamante se tratasse. E vejo este sem-abrigo. Dorme à porta da La Boulangerie de Paris. Um estabelecimento de algum luxo, salão de chá, pastelaria e padaria para classes abastadas. A ironia desta situação causa-me sempre alguns arrepios. Uns enchem a barriga com francesices, outros, sem abrigo, dormem de costas para o sol, para enganar a luz, para não verem um novo dia que não lhes apetece viver.

Democracia à Angolana

Fonte: publico online
É fácil. Controla-se o Estado. Institui-se uma cleptocracia. Promove-se uma manifestação dos fiéis à religião MPLA. Prendem-se figuras proeminentes do protesto. Temperar com corrupção e pobreza q.b.

domingo, 6 de março de 2011

A democracia é fodida!


A democracia é fodida. Obriga-nos a aturar maiorias que sabemos estarem erradas. Ainda hoje tenho cólicas agudas, quando me lembro do vencedor do concurso "Os Grandes Portugueses". Salazar foi  o vencedor. Não concordo, acho que se trata de um saudosismo estúpido, protagonizado por aqueles que, se não fosse o 25 de Abril e o estado social estariam a comer merda. É que as reformas para todos, mesmo os que nunca contribuíram para a Segurança Social, foram instituídas pós 25 de Abril. Antes disso, só recebia quem tivesse descontado. Não existiam pensões de sobrevivência, em que gerontes mal agradecidos, se dispunham a gastar 60 cêntimos mais IVA, para votar em Salazar. Na minha terra chama-se a isto "cuspir na mão que nos dá de comer".

Agora, soube que os "Homens da Luta" venceram o festival e provocaram indignações várias. Não valorizo vitórias de comediantes em festivais esconsos, mas como já disse aqui no purgatório, o humor também é uma forma de resistência. Os "Homens da Luta" ganharam graças ao voto popular. É a democracia, não pode ser boa só quando concordamos com o vencedor.

Da minha varanda


Da minha varanda, isto é o que o meu olhar alcança. O cão do lado está preso com uma corrente. Ouve-se um riacho. Às 21:00 de cada sábado, os meus vizinhos juntam-se no rancho. Bombos das 21:00 às 23:00. Depois cantares ao desafio. Agora 1:20 é hora de show de acordeão e concertina. É por isso que adoro os minhotos. Nunca perdem o sentido de festa.

sábado, 5 de março de 2011

Futuros deputados



Li algures (ainda por comprovar), que os mentores do protesto "geração à rasca", são militantes do BE, PS e PCP. A ser verdade, embora tal não restrinja a sua liberdade como cidadãos, descredibiliza o protesto, e clarifica o porquê da sua tolerância com a apropriação pelos partidos do movimento.
Fixem estas carinhas, pois a curto prazo vamos tê-los como deputados da nação. Se não estão já partidarizados, o sistema rapidamente tratará de os absorver.

William Godwin

William Godwin

"Above all we should not forget that government is an evil, a usurpation upon the private judgement and individual conscience of mankind."

sexta-feira, 4 de março de 2011

Partidarização esperada


O purgatório, velho como é, tinha alertado para a partidarização da manifestação da "geração à rasca", aqui. Claro que todos os líderes partidários vão aparecer como "cidadãos". Garcia Pereira foi o primeiro, segue-se Jerónimo de Sousa e discretamente também aparecerá Louçã. É por isso que não vou, embora solidário com os jovens. É que, do alto dos meus 48 anos, já cheguei a uma idade em que não posso ser visto em companhias duvidosas.

Sobre a omnipresença de Deus

Diálogo entre M (4 anos) e F (47)

- Pai os sinos estão a tocar! Vai haver um casamento?
- Filha, pode não ser um casamento. As pessoas também vão à Igreja falar com Deus.
- (Pausa) E se ele não estiver, as pessoas esperam ou telefonam?

quinta-feira, 3 de março de 2011

salir a ganar

A frase foi repetida vezes sem conta por José António Camacho, ex-treinador do Benfica. Mas quem sabe, sabe, e o "pai de todos os boys", Rui Pedro Soares, chegou a um acordo extra-judicial com o semanário "Sol". Mais 400.000 euros a acrescentar à conta bancária. Este sim, sabe salir a ganar.

À minha porta



Estamos no ano 2011 depois de Cristo. Toda a Portucale foi ocupada pelos centros comerciais... Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis comerciantes ainda resiste ao invasor.

Esta é a drogaria Avenida de França, bem à saída do metro. Um estabelecimento do Sr. António Joaquim. Dentro de menos de 10m2 acumula-se tudo o que se pode imaginar. A loja é um pequeno prodígio de capacidade de arrumação. Passem por lá para ver como eram as drogarias nos anos 60 e 70 e serão bem recebidos.

A péssima qualidade das fotografias é culpa inteiramente minha, e de um smartphone que ainda não domino.
Mas ficaram com uma ideia, certo?

quarta-feira, 2 de março de 2011

arsch küssen

Fonte: economico.sapo.pt
Tornou-se um desporto nacional, beijar o rabo ao alemães. O servilismo, está nos nossos genes enquanto povo, e quanto a isso pouco há a fazer. Então se os "patrões" forem altos e louros, mais os portugueses se abaixam. Nunca ouvi ninguém chamar sabonetes à malta do norte da Europa, mas bocas contra pretos, já as ouvi às centenas.

O purgatório já sentiu isso, quando com o seu 1,71m e o seu ar de árabe, era olhado de soslaio pela classe trabalhadora alemã, durante as férias. Claro que arranjou maneira de os embaraçar, sendo de extrema gentileza com as senhoras e crianças e fazendo uso do seu inglês upper class e de um francês acima da média. Era olhado como um turco que devia ter estudos superiores.

Esta reflexão prende-se com uma frase de Ana Gomes, que verbalizou o que eu já senti na pele, e outros portugueses teimam em ignorar. O preconceito alemão. Disse ela, não ter "dúvidas nenhumas de que este ataque feito a Portugal está muito relacionado com o preconceito que os Alemães têm em relação ao nosso país e aos países do sul".
Eu também não tenho dúvidas, mas a cambada de bajuladores, que acha que tudo o que é louro e fala língua de trapos, é bom, não falta por aí. Esses louvam a Alemanha, como se o "milagre alemão", fosse criado per si, independentemente da colaboração de toda uma Europa, onde, sem consumidores, não há produtores que se salvem.

Da consciência pesada, ou "ain't gonna play sun city"



Não será exigível a um artista pop que tenha grandes preocupações sociais. Goste-se ou não, são entretainers, que normalmente cantam músicas sem sentido para deleite do povo. No entanto, nem tudo é vacuidade no mundo do pop-rock. Desde os Rage Against the Machine, Bruce Springsteen e outros politicamente engajados, até aos bem nossos Xutos, o mundo da música também tem a sua quota parte de cérebros com mais de um neurónio activo.

Vem esta prosa a propósito do rebate de consciência de Nelly Furtado, que resolveu doar o dinheiro recebido de um concerto privado que fez para a família Khadafi. Faz bem. Limpa a face, e devolve algum do dinheiro a quem dele mais precisa.

Esta estória, lembrou-me uma, velha de anos, passada no tempo do apartheid, em que estes marmanjos acima, resolveram não tocar num resort, exclusivo para brancos, que era o símbolo turístico da África do Sul de então, e consequentemente desse regime que foi uma mancha na história de África e da humanidade.
O resort maldito chamava-se Sun City.

terça-feira, 1 de março de 2011

Sócrates fará tudo o que for necessário ... à nossa custa


Definitivamente, Sócrates ensandeceu. Já não fala para o povo português, mas para uma matrona gorda, de seu nome Merkel. Com o povo, em particular as classes média e baixa (e este é um conceito bem diferente do europeu), a viver o maior retrocesso de bem-estar de que tenho memória, este mentecapto atreve-se a dizer: “Quero reafirmar o que disse hoje o ministro das Finanças, que este Governo fará tudo o que for necessário para garantir a meta do défice”.

Obviamente, esta frase, este modus-operandi, já é só para alemão ver. Antes de ir ao beija-mão alemão, avisa:
- Nem que vos deixe enxangue, vou fazer o que me mandam. Para preservar o meu lugar, o meu "prestígio".

Eu digo, Sócrates, já não és bem-vindo no teu país. És culpado de crimes contra o teu povo. Vai-te, antes que sejas defenestrado, como um qualquer Vasconcelos.