quinta-feira, 31 de março de 2011

O Day After

 

A inevitabilidade da intervenção do Fundo Europeu/FMI, é uma realidade incontornável. Pode tardar, mas cá chegará. Não pelas mãos de Sócrates, que se recusará a carregar esse ónus, mas será o primeiro acto do governo que vier a tomar posse após as eleições.

A Sábado já faz editoriais bilingues, não vão os assessores de Merkel, quererem ler a imprensa lusitana. E depois temos uma reportagem, para todos os que suspiram pela entrada do FE/FMI. Dois jornalistas, deslocaram-se à Irlanda e Grécia. Trazem-nos uma realidade azeda, feita de desemprego, de baixas generalizadas de salários, de retrocesso social, de filhos que regressam à casa dos pais, de angústia e desespero. É um banho de realidade sobre o que nos espera. "Uma espiral descendente sem solução", como caracterizou Eva, uma grega de 40 anos.

E agora, continuem a berrar pelo FMI. Continuem a votar no centrão. Depois falamos.

8 comentários:

Ricardo disse...

Não vai ser fácil mudar o paradigma politico em que temos vivido. E sabes bem, que eu já dei (com bastante força até ;)) para esse peditório, em tempos. Agora que me considero jubilado da politica, por motivos que não cabem aqui (não cabem de facto, não há espaço, são muitos) dedico-me também a equacionar hipóteses alternativas de regime, sempre com base popular é certo, mas esbarro "establishment". Ando há uns dias por outrso motivos a ler coisas sobre a Revolução Francesa e a Revolução Liberal Portuguesa de 1820. Em principio os factores de ruptura social estão a despontar, mas ainda há muita gente que não está assim tão mal. Mas que o futuro é algo sombrio, não tenho dúvidas. Continuarei, tranquilamente a exercer o meu papel de revolucionário de sofá. Até que um qualquer PEC o leve....

Abraços e "keep up the fight"

Ricardo

Ricardo disse...

esbarro no "establishment" - dizia

Fernando Lopes disse...

Ricardo,

Até que nos levem os sofás. O que me anda a "fazer espécie" é que até o Ferraz da Costa (não confundir com Ferrari de Corrida), anda a gemer pelos amplos consensos e pelos partidos do arco da governação.
Quando vejo tal unanimismo, fico preocupado. É com amplos consensos que começam as ditaduras. E eu não gosto de marrar para o lado onde as outras cabras (ou cabrões, neste caso) marram. Prefiro marrar no sentido oposto.

Abraço,
Fernando

Fenix disse...

Fernando,

A gestão da economia dos países não será muito diferente da gestão da economia das famílias.

Pessoalmente, a minha espiral descendente, começou em 2007 (com a crise da construção) e agudizou-se em 2008. Só lamento que esta crise que começou por ser sectorial, se tenha espalhado como um vírus a quase todos nós. Mas, para grandes males, grandes remédios! É só querermos.


Abraço
Ana

Fernando Lopes disse...

Ana,

A sua experiência, passará a ser a de um povo inteiro. Exige-se capacidade de readaptação (como a sua) e alteração de valores. O que pode não ser fácil. Mas sobreviveremos, espero eu ... Mas a falta de perspectivas, mina-nos a esperança. Ou não?
A grande "crise" ainda não chegou a mim e a muitos portugueses, mas caminhamos a passos largos para uma situação de retrocesso em termos de garantias sociais. Para ser sincero, é isso que mais me custa.

Abraço,
Fernando

Fenix disse...

Fernando,

Em Junho de 2009 foi-me diagnosticado cancro da mama. Felizmente estava no início e apenas foi retirado o nódulo, que ainda não tinha invadido mais tecido. Mas mesmo assim, tive que fazer quimioterapia, radioterapia, braquiterapia, e um ano de imonoterapia, que acabei em Fevº último. Além disso, tomo um comprimido diário, que vou ter que tomar durante 5 anos, cujo preço mensal é de 139,00 euros, claro que me é fornecido gratuitamente pelo IPO.

Como sabe, estas doenças quando menos se espera voltam, por isso imagine o meu estado de espírito quando se antevê um futuro mercantilista para a nossa saúde!!

Desculpe o desabafo, mas eu tinha como adquirido que em Portugal ninguém iria deixar de ser tratado por não ter dinheiro...

Abraço
Ana

Fernando Lopes disse...

Ana,

Não é o aumento de impostos que me preocupa nas regras a impor pelo FMI.
É o emprego, a saúde e a educação, devido aos cortes que vão acontecer, como é moda agora dizer-se draconianos.
E ao mexer nestes três pilares do estado, estamos a mexer no estado como o conhecemos. E a acentuar o "salve-se quem puder", coisa que eu como português não gostaria que acontecesse. Apesar de tudo ainda tenho algum orgulho no nosso "estado social".

Abraço solidário,
Fernando

O abominável careca disse...

Caro Zé e respectivos seguidores,
Por acaso li o artigo de relançe da "Sábado" e sem tempo nem paciência para ler todos os comentários e desfabafos só me ocorre um comentário:
"Nos próximos tempos sempre que vos apetecer "evacuar" lembram-se que inevitavelmente irão gastar o respectivo papel higiénico, ou seja poupem nas folhas do dito porque quem sabe se o mesmo não poderá ser útil para qualquer outra aplicação mais urgente..."
Um abraço a todos!!!

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