quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A bola de berlim e o pastel de nata


A bola de berlim é redonda, cheia, tão barriguda que não cabe em si o recheio. Ostensivamente exibe-o, amarelo cor do ouro, a transbordar. O pastel de nata é uma taça. Um recipiente de cremes vários, dourados pelo sol. Come-se em duas dentadas. A bola polvilhada de açúcar, espalha o branco pó à sua volta. Borra tudo. Faz merda. A nata como doce menor, pequenino e arranjadinho faz o que lhe mandam. Transforma os trabalhadores em tíbias, escanzeladas, a quem já só resta o chantili no interior. Fá-lo através de acordos de mil folhas com o respeitoso assentimento do palito de La Reine.

4 comentários:

Fenix disse...

Brilhante analogia!

Mas cuidado com os dotes artísticos, senão ainda se vê compelido à exportação. ;)

Abraço

Fernando Lopes disse...

Estou demasiado velho para ser "exportável". Confesso-lhe que a com o meu fascínio por África, já pensei em ir para Moçambique. Mas sou um pastel bolorento, sujeito à decomposição com o calor! Na essência não muito diferente dos pastéis descritos! :)

Abraço,
Fernando

bibónorte disse...

Excelente!
Vou surripiar para o FB.

Fernando Lopes disse...

bibónorte,

No meu tempo de menino havia perto do Liceu D.Manuel II (actual Rodrigues de Freitas) uma pastelaria que vendia folhado coberto de açúcar e amendoim que diziam as más línguas ser feito de pastéis do dia anterior. Eram mais baratos que os outros e deliciosos. Sinto-me como um desses. Apesar de já ser antigo ainda conservo o humor e a gulodice desses tempos remotos.

Abraço,

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