sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Manifestações inócuas


Antes de mais uma confissão. Tenho um parti pris em relação a Pacheco Pereira. Apesar de o considerar um excelente debatedor [a palavra existe e está dicionarizada], não vislumbro o brilho intelectual ou a cultura enciclopédica que muitos lhe atribuem. E, no entanto, ontem fez uma análise com que não poderia concordar mais sobre a possibilidade de agitação popular nos tempos mais próximos. Primeiramente desconstruiu o mito salazarista de que somos um povo de brandos costumes. Não somos. A guerra colonial e as atrocidades nela cometidas e o verão quente de 75, são momentos históricos recentes que desmontam esta ideia conveniente aos poderes instituídos. Seguidamente, numa discussão que também tem passado pela blogosfera, elucubrou sobre a inocuidade das manifestações e protestos promovidos pela CGTP e PCP. Aos comunistas não interessa agitação social que não possam controlar. É bem conhecido o extremo cuidado para que as demonstrações promovidas por este duo não degenerem nunca em actos violentos. Basta que se junte um grupo de gente fora dos cânones expectáveis em termos indumentária e conduta que logo serão cercados pela segurança da CGTP/PCP. O PCP é um partido e como todos os partidos sofre de previsibilidade e hierarquização. O colectivo sobrepõe-se sempre à acção individual. O aviso dos serviços de segurança não passa de um alerta para o desconhecido, espontâneo, não enquadrável nos padrões e que ninguém sabe como começa ou termina.

2 comentários:

Fenix disse...

Fernando,

Se calhar as manifestações de revolta que se avizinham não terão dias e horas marcados!

Vão ser espontâneas, como diz, e o grau de violência vai ser proporcional às perdas e danos que cada um já tenha contabilizado!

Abraço
Ana

Fernando Lopes disse...

Ana,

Não desejo a violência nem desrespeito o lugar do PCP na democracia portuguesa. Constato um facto, o PC e a CGTP tornaram-se previsíveis e consequentemente "tolerados pelo regime". É de evitar os "idiotas úteis" que resolvam deflagrar violência e prejudiquem o 15 de outubro.

Mas, como a Ana diz, gente desesperada é capaz de tudo. E começa a haver muita gente com pouco ou nada a perder.

Abraço,
Fernando

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