sábado, 19 de março de 2011
Ainda os Homens da Luta
Há quem veja nos Homens da Luta uma sátira de mau gosto, uma caricatura, pelo ridículo do engajamento político do PREC. Permitam-me ser, como já começa a ser hábito, uma voz dissonante. Vejo os Homens da Luta, como uma homenagem a esse espírito. Tempo de que não sendo saudosista, nem encontrando virtudes nas imensas barbaridades cometidas, era hora de debate, de análise, de empenhamento na melhoria das condições de vida e na procura de uma sociedade menos desigual.
Recordo-me particularmente de dois casos que me marcaram apesar da tenra idade. Pela positiva a guerra movida aos subalugas, que eram pessoas que alugavam casas (normalmente) enormes, a preços irrisórios, e posteriormente realugavam a jovens casais, estudantes e pessoas com dificuldades, quartos a preços exorbitantes. Uma forma de parasitismo que à época foi fortemente combatida.Pela negativa, o despejo do patrão de três (3) empregados, na oficina de encadernação que utilizava na altura. Vi o homem (um patrão-trabalhador), chorando copiosamente, porque os três empregados o tinham posto fora, com ameaças, da oficina que fundara, geria e onde trabalhava.Porque esta estórias têm sítio, a primeira passou-se em Oliveira Monteiro, e a segunda em Sacadura Cabral, junto a Cedofeita.
O PREC já lá vai, é um tempo que não se repete. Como cidadãos temos a obrigação de manter o empenhamento na melhoria de condições de vida para todos. Afinal, a nossa sociedade gera mais riqueza dos que nos anos 70. Continua é a ser repartida por meia dúzia de famílias e eleitos. Cabe-nos combater estas assimetrias da melhor forma que podermos e soubermos. Juntos.
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6 comentários:
Boas tardes,
Caro Zé, eu realmente pertenco ao grupo de pessoas que vê os "Homens da Luta" como uma sátira a um tipo de personagens que emergiram pela altura do PREC, sem que os próprios visados se apercebam do ridiculo que foi a sua presença na sociedade portuguesa da época. Que os "Homens da Luta" também gostam de atenção e algum protagonismo também não deixa de ser verdade! O que se calhar eles desconhecem é que o país em que eles vivem necessita até ao final do ano de 800.000.000.000 (Oitocentos Mil Milhões de Euros), ou seja estamos ddfinitivamente na bancarrota sem que governantes e respectivo povo se aperceba das novas e tristes realidades. Quanto a futuras reedições de PREC'S sinceramente não vejo que tal seja exequível nem tão pouco essa situação é espectável a não ser claro está pelo PC ou BE! Enquanto a população não se mobilizar para de um modo efectivo pôr cobro à "democracia" a dita "asfixia democrática" estará para durar com todas as consequências nefastas que muitos fazem questão de não querer ver...
Vamps ver quanto tempo toda esta situação irá durar e mais interessante será ver como é que o povo vai reagir a uma "sodomização" reirada!!!
Um abraço do sempre incorformado e cada vez mais descrente irmão!
Fernando,
E os muros pintados com: "Viva a Ditadura do Proletariado"!
Esta gente não tinha nem tem noção de que uma ditadura, venha ela de onde vier é sempre algo mau, contra o ser humano?!
É por isso que eu acho que não é através da política que as sociedades podem melhorar, mas através de uma educação pró Humano, em todas as suas vertentes.
Abraço
Ana
Abominável irmão,
O PREC, goste-se ou não, foi uma época de mobilização e debate. Nem sempre da melhor forma, concordo contigo. Eu não tenho respostas, só duvidas.Também acho que o passado, é passado e hoje o contexto é outro. Vivemos melhor hoje do que em 1973. O país está na bancarrota? Está. Agora por cobro à asfixia democrática, não pode ser confundido com por cobro à democracia. E aqui as fronteiras são ténues. Salazar veio resolver um problema de finanças e ficou mais de 40 anos no poder. É isso que queremos?
Abraço,
Abominável mais velho
Ana,
Sinto-me tentado a concordar consigo. Temos um problemas de valores e a educação e o humanismo, podem recentrar-nos no que é verdadeiramente importante. A sua proposta faz todo o sentido no longo prazo. Mas deixo-lhe uma questão. O que fazer no curto prazo? O que pensa ou propõe?
Abraço,
Fernando
Fernando,
No final dos 80 e início dos 90, fui militante activa do então Movimento Humanista. Este Movimento propõe uma transformação pessoal e em simultâneo a transformação do nosso meio mais próximo. Por motivos pessoais desvinculei-me embora continue a ser o meu ideário.
No meu dia-a-dia tento ser coerente e agir dentro dessa sensibilidade.
E tendo em conta que o que nos trouxe até este estado de coisas, foi a ideologia ultra-liberal dos povos que se intitulam civilizados, e sabendo que o povo grita nas ruas por "mais dinheiro para ter mais coisas", acho que o colapso destes valores vai ter de acontecer, para depois surgir do caos uma nova ética, que já não será obviamente para os meus dias.
Abraço
Ana
Ana,
Simpatizo e concordo com muitas das posições do Movimento Humanista. Dos compromissos, às posições sobre a invasão da Faixa de Gaza. Só que é um trabalho de gerações, feito através da educação. Portugal tem problemas que necessitam de resolução imediata, como o do financiamento. Estamos presos pelos alemães. Há meses coloquei um post sobre a teoria da conspiração, que cada vez me parece mais válido. Os alemães vão deixar cair o sul na miséria e apontar para o Leste. É lá que está o seu eixo de influência. E por muito que simpatize com as posições do MH, necessitamos de apoio financeiro já. Como a renegociação da dívida. E no curto prazo, não vejo ninguém suficientemente corajoso e capaz para tomar como sua esta tarefa. É isso que me atemoriza. O amanhã.
Abraço,
Fernando
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