quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Portugal a soro


Uma das imagens mais trágico-cómicas que guardo dos hospitais portugueses, são os doentes que, inconformados, se passeiam de robe pelos corredores empurrando um tripé com uma garrafa de soro. Portugal está assim. Doente, ligado à máquina da ajuda externa, mas vai resistindo o melhor que pode. No ano novo os aumentos foram generalizados. Aumentos de impostos, de serviços, deduções fiscais, quase tudo. E, no entanto, o português, esse ser peculiar, teima em resistir, tentando, como o doente que se passeia, dar um ar de falsa normalidade. Essa resiliência, esse aceitar as desgraças com um encolher de ombros e um enorme desprezo por quem nos governa é uma espécie de resistência não violenta à moda de Gandhi. Uma "Marcha do Sal", que, ignorando-os, manifesta superior desprezo pelos poderes instituídos.

2 comentários:

bibónorte disse...

Caro Fernando
Vou surripiar para o FB.
Excelente analogia.
Este país teima em resistir, só não sei até quando.

Fernando Lopes disse...

bibónorte,

O meu entendimento de um blogue é o da colaboração com que tem a paciência de me ler. Obrigado pelo feedback e se ele for negativo, faça-o na mesma. Como sei que há pessoas com pudor em fazê-lo publicamente, pode usar o mail do purgatório, ali no canto superior esquerdo.

Abraço,

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