terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Indignação Semanal

(Coelho e Gaspar preocupados com indignações várias)

Estou indignado com tanta indignação e tão pouca ação. Temos assistido a uma espécie de homilia semanal.  Há quinze dias houve indignação com as nomeações de Passos para a EDP e Águas de Portugal. Na semana passada, com as declarações patéticas de um funcionário [e ninguém neste país representa melhor o funcionário e as suas idiossincrasias do que o biltre]. Esta semana, espumam de raiva por um jornalista ter sido dispensado após uma crónica menos amigável para com a cleptocracia angolana.

Está tudo muito certo, mas a indignação passiva não vale a ponta de um corno. Quem fez greve? Além do setor público ninguém ou quase. Quem participou nas manifestações? Poucos, muito poucos. Cada vez menos.

O povo português [do qual orgulhosamente faço parte] resolveu canalizar a indignação para o facebook e afins. É o ativismo de sofá no seu pior. Quando existe perigo iminente, moita carrasco. Cumprem-se os desígnios do chefe, do patrão, do governo.

Esta corrente mais parece um remoinho, sugando as indignações anteriores para dar lugar à da semana. Fiz tudo o que podia? Nem por sombras. Mas lutei e vou continuar a lutar, na rua, no trabalho, mesmo com alguns riscos pessoais associados. Quem for meu amigo está comigo. Os outros podem já ficar a pensar na indignação da próxima semana.

4 comentários:

Fenix disse...

Fernando,

A menos que, a exemplo de outros, alguns se imolem pelo fogo, duvido que nos levem a sério!

Ou então, apesar de já um pouco gagás: Capitães de Abril, Mobilizem-se!!

Abraço
Ana

Fernando Lopes disse...

Ana,

A indignação é legítima. Mas por si só, ou nas redes sociais, é muito pouco. Tenho para mim que já chegamos ao ponto de não retorno. Estas medidas têm que ser combatidas com agitação social (que não violência) nas ruas e nos locais de trabalho. Tornar a indignação num facto corriqueiro fá-la perder o seu vigor. Esta é a minha opinião. Estou pronto para a porrada de quem não concorda.

Abraço,
Fernando

José Gonçalves Cravinho disse...

Fernando Lopes diz-se rèpublicano, ateu e apartidário.Mas como é que o Povo pode organizar-se sem Partidos Políticos?!No meu fraco entender de operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote
(87anos),acho que o Povo precisa de se organizar em Associações que
são os chamados Partidos Políticos
para poderem eleger os Governantes.
Mas sucede que infelizmente tanto em Portugal como aqui na Holanda,o Povo que na sua maioria é constituído pela classe proletária
está dividido em mais de uma dezena
de Partidos Políticos,o que dá toda a vantagem à Burguesia fidalga
do liberalismo económico em que cada qual se amanha conforme pode.
E até mesmo da classe proletária, há muita gente que sabe tirar partido da Situação e subindo na escala social,tornam-se novos ricos
conseguindo atingir o nível da
Burguesia fidalga,esquecendo ou até envergonhando-se da sua origem
plebeia e tornando-se inimiga do
Proletariado.

Fernando Lopes disse...

Caro Cravinho,

Antes de mais, devo dizer-lhe que é um prazer recebê-lo por aqui. Na minha humilde opinião o sistema representativo (baseado em partidos), já não corresponde às necessidades e anseios do povo português e eventualmente de todos os europeus. Os partidos são um espartilho ideológico, são geridos por interesses e fidelidades. A culpa é dos partidos? Não, é dos seus militantes e dirigentes que os tornaram em lugares pouco recomendáveis. Por isso, e com consciência da utopia, cada vez mais me identifico com movimentos organizados de cidadãos e menos com a democracia representativa actual. Como eu, serão muitos. Estamos certos? Estamos errados? Confesso que não sei. Sei é que este sistema é autofágico e está a destruir-se.

Cumprimentos,

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