quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Três Garganta(s) Funda(s)


Sou contra as privatizações de bens essenciais como a electricidade, gás, água ou combustíveis. O Estado devia ter uma posição largamente maioritária nesta empresas, porque prestam um serviço indispensável à população. Feito este ponto prévio, aceito com desconforto algumas das privatizações que aí vêm. A EDP vai para mãos estrangeiras a curto prazo. Como todos sabemos a EDP é antes de mais uma espécie de cobrador do fraque, pois na factura aparece de tudo, além da electricidade. Este esquema bem português deu tal resultado que até os gregos vão ter um "imposto predial" na conta da luz. O chico-espertismo nacional faz escola por essa troika fora, em versão revista e adaptada.

A senhora Merkel resolveu meter uma cunha a Passos Coelho. Também a célebre cunha é uma invenção portuguesa adaptada por aqueles que nos espoliam. Se existissem patentes para os expedientes do estado português tínhamos o futuro garantido para os próximos quinhentos anos.

Acontece que a E.ON está a oferecer metade do valor que os chineses da China Three Gorges Corporation estão dispostos a gastar. E aqui não existe nenhuma "garganta funda" que não o valor do dinheiro. Os estatutos da eléctrica portuguesa são blindados. Significa isto que independentemente da percentagem de capital social que uma entidade possua, só pode exercer 20% dos direitos de voto.

Isto obriga a consensos estratégicos. Passso Coelho fala em "projecto". Eu falo em dinheiro. Se a nossa empresa não for vendida pela melhor oferta, tudo terá que ser muito bem explicado. E não me venha com tretas de "projectos" ou "interesses estratégicos". Não  e-x-i-s-t-e-m.

A acontecer teriamos de receber contrapartidas no valor de milhares de milhões de euros. E já temos as experiência das mesmas no caso dos submarinos e de veículos militares. Os alemães não as cumprem. Assim façamos de Fausto e vendamos a alma a quem pagar mais. É a única forma séria de resolver este assunto. Ou será que num futuro não muito longínquo veremos um Coelho à frente da E.ON Portugal ?

5 comentários:

Fenix disse...

Fernando,

"Ou será que num futuro não muito longínquo veremos um Coelho à frente da E.ON Portugal?"

Se a História nos ensina algo, acho que, a repetição destas histórias, já começam a "fazer escola", não?!

Muito oportuno e lúcido, como sempre!

Abraço
Ana

Fernando Lopes disse...

Ana,

Ontem o DN falava de um valor de cerca de metade, da E.ON em relação aos chineses. Hoje o Económico fala de uma diferença de 0,20 por acção. É estranho parece q houve informacao privilegiada. So sei q quero ver tudo muito bem explicadinho. Acho q merecemos isso.

Abraco,
Fernando

Grafismos de tlm, as minhas desculpas.

Fernando Lopes disse...

Ana,

Vai uma grande confusão nesta história. A informação que tinha do DN de ontem era completamente diferente da veiculada hoje. O Marques Mendes acho que teve uns espasmos televisivos a este respeito, mas também trabalha numa companhia energética. Já chegou a promiscuidade de Ferreira do Amaral e Jorge Coelho entre outros. Mexia torce pelos alemães que lhe prometeram um lugar não executivo na E.ON. Os portugueses devem esperar e exigir tudo explicadinho, como se fossemos pequeninos. Esta história já parece uma novela mexicana. A ver vamos, como dizia o ceguinho.

Abraço,
Fernando

Fenix disse...

Fernando,

Infelizmente, explicado ou por explicar, o certo é que estes tipos fazem o que querem e ficam-se a rir. E quem é que tem poderes para legislar a favor da transparência e punição por ilícitos?! Bem podemos esperar sentados...

Abraço
Ana

Fernando Lopes disse...

Curvo-me perante esta verdade insofismável.

Boa noite, Ana

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