quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

ouvido na rua

"Não há ninguém que me dê um tiro na cabeça, para eu deixar de ser palhaço e andar aqui a pedir dinheiro?"


Andrajoso, extremamente sujo, exalou este grito, quase em desespero. Tentamos não ver estes pobres, feios e sujos para não nos confrontarmos com a nossa indigência moral. Venho notando o aumento exponencial de sem-abrigo na zona da Boavista, mas nunca nenhum tinha verbalizado a angústia deste modo, solicitando um abate piedoso. Olhei-o nos olhos e vi a minha imagem reflectida. Podia ser eu, podias ser tu.

6 comentários:

O abominável careca disse...

Boas,

Nestas coisas de desabafos pessoais acontece amíude a existência de tiradas muito pouco consentâneas com a situação com a qual nos encontramos, o que significa que os mesmos nem sempre são para levar à letra!
Desesperados, assustados e enervados andámos todos e mesmo assim a vida tem que continuar com todos os sacrifícios e agruras respectivas!
Sempre ouvi dizer que quando alguém quer cometer um acto mais tresloucado ou desviante, não se põe a apregoa-lo aos sete ventos.
E como se diz "De são e louco todos nós temos um pouco".
E para rematar, cheira-me que num futuro próximo vamos todos e sem excepções viver o dia a dia porque o dito "futuro" nem se sabe se virá a existir...
Um abraço

Fernando Lopes disse...

Abominável,

Não consigo imaginar a humilhação implícita na mendicidade. Quer seja para chamar a atenção ou o grito de um louco, incomodou-me. E deve incomodar-nos a todos. Penso eu de que...

Abraço,

Moriae disse...

Li o que o abominável escreveu e com todo o respeito, até porque costumo ler os seus comentários. Penso que antes de se cometer um acto do género, se deve apregoá-lo ou falar sobre isso, esta, melhor ... porque a outra já parece o desespero.
É o entendimento que tenho. Daquilo que vivi e li sobre o assunto, mais especificamente sobre o suicídio.

Abraço, Fernando e votos de uma boa noite para todos.

Moriae disse...

(peço desculpa pelo português ... é cansaço. mas dá para perceber, certo?)

Fernando Lopes disse...

Moriae,

Não quero falar ou escrever sobre suicídio, porque me toca a nível pessoal. Acho que o grito do homem configura mais desespero do que outra coisa. Mas não sei dizer. Não sou psicólogo e gente desesperada é capaz de tudo. Incomoda-me, é injusto que alguém perca a auto estima a este ponto. Mesmo que seja uma forma de chamar a atenção, é plena de significados ...

Abraço e bom feriado!

Moriae disse...

De acordo contigo, amigo.
Abraço e retribuo os votos de bom feriado : )

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