segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Emigrem tanto quanto possível


O título desta posta é uma (in)feliz síntese dos momentos com que a dupla Cavaco & Coelho nos brindaram este fim-de-semana. Seria cómico senão fosse trágico. A mensagem de Natal do biltre e o conselho de PPC são um resumo deste país. Sem brilho, sem motivação, sem esperança, sem futuro. A admissão de que 2012 será um ano trágico para milhares de famílias que serão vítimas do desemprego ou a sinalização de que não há futuro para os nossos mais qualificados é um inadmissível sinal de derrota.

Ao presidente e ao primeiro-ministro compete animar, motivar, apresentar ideias para vencer as dificuldades que atravessamos. Mesmo sabendo que não está [apenas] nas nossas mãos a resolução dos problemas, os dois mais altos representantes da nação exibem, despudoradamente, falta de ideias ou soluções para quebrar este ciclo vicioso e viciado.

A propagação de medidas que retiram bem-estar, encolhem salários, aumentam precariedade é lamentável. Todos temos a noção de que estamos sobre um protectorado que além de exigir diminuição da qualidade de vida, cobra juros exorbitantes e procede à pilhagem das nossas melhores empresas. Que os nossos representantes aceitem isto como uma fatalidade, prova a miserável qualidade técnica e humana de quem se apoderou do poder.

Portugal está cada vez mais parecido com Auschwitz, onde o trabalho é de borla e a esperança uma miragem. A fase seguinte será, certamente, a do extermínio. Às portas deste país será colocada a frase "A morte liberta", convidando os portugueses em geral e esses sanguessugas dos pensionistas e reformados em particular ao suicídio colectivo. Com os jovens expulsos do país que investiu na sua educação, com uma segurança social incapaz de assumir compromissos, os mais velhos serão convidados, à velha maneira índia, a sentarem-se num qualquer monte, sem comida nem bebida, à espera que a morte chegue.

Cavaco & Coelho lá estarão, a pairar como abutres, prontos a acender a pira funerária, na celebração de menos um encargo para o estado social.

5 comentários:

O abominável careca disse...

Boas tardes,

Não se faça uma revolução com muito sangue e detenções arbitrárias para posteriores julgamentos e aplicação de penas, porque só assim se conseguirá perpetuar esta agonia sem fim à vista!!!
As pessoas parecem anestesiadas face às medidas deste (des)governo que cada vez mais se assemelha a uma qualquer comissão liquidatária para encerrar esta coisa que desde 1143 é conhecida como país...
Um abraço

Fernando Lopes disse...

Abominável,

Pensava eu que tinha um excesso de pessimismo em relação ao país e aos seus governantes. À tua beira sou um optimista! ;)

Abraço,

MManel disse...

Alô!
O Cavaco cangalheiro é a realidade do dito, desde que nasceu - a própria cara é publicidade implícita a este negócio...
Quanto ao PC, também não sabe o que é a reserva mental, e como o outro, mostra a maior burrice no desempenho do cargo de primeiro ministro.
Que os professores tentam ir para os PALOPs e os outros todos para Angola, isso já nós sabemos. De facto, o que se pretende é soluções, não consolações.

Contudo, acho que a maior parte da população tem o que merece, porque a mesquinhez e estupidez é generalizada. Como bom exemplo passo a contar uma novela que vivi no último mês e meio:

Numa das empresas do grupo, uma rapariga foi dispensada. Depois de alguns argumentos da mesma foi ficando (já tinha vindo de outra empresa do grupo).
Quando estava quase de saída, propus que ela experimentasse outra função e lá veio para a 3ª empresa - o tempo combinado eram mais sessenta dias.(até final do ano).
Para além de não se ter preparado em condições para sair como comercial, teve logo várias exigências, (telemóvel por ex.)que foram sendo supridas.
No meio dos seus brilhantes "dichotes" foi exclamando "Ó! Esta crise é só psicológica! Anda tudo a delirar - claro que vive em casa da sogra e não tem filhos...
A semana passada, ao faltar quinze dias para o fim da exper., fez o favor de comunicar que ainda tinha 2 semanas de férias relativas à outra empresa e que queria gozá-las.
Quando levou o rumo que tinha que tomar, disse que não ia ficar parada, que havia cursos remunerados ou isso , e que o trabalho não lhe metia medo,mas claro, queria a carta para o fundo de desemprego.
"Pode levar o carro da empresa ainda hoje e amanhã vem cá trazer"
"Obrigada, o meu marido não tem muito que fazer e pode-me vir agora buscar" ...

Falo de alguém com vinte e sete anos, mas sei que aqui na região muitas mulheres mais velhas se desempregaram para ir cursar os tais programas remumerados, e com um horário muito mais fixe que a fábrica - das 9h às 17h, com subsídio de almoço e transporte (perto de €50 - mês p/ o autocarro)

;-)


Bisoux

MManel disse...

REMUNERADOS era o que pretendia escrever :-)

Fernando Lopes disse...

Manel,

Como sabes melhor do que eu, há sempre quem se aproveite do sistema. É humano e não é um exclusivo português. Compreendo as tuas reticências em relação a muita gente. Certamente compreenderás as minhas em relação aos políticos (passados, presentes e talvez furturos). Este PM não tem um plano B, e convidar jovens e professores a emigrar só irá agravar um problema demográfico que já é quase insustentável. Sem trabahadores, ou com os melhores fora do país que contribuirá para a segurança social? Um país sem jovens e sem quadros qualificados é um país sem futuro. Comprendo que um pai diga a um filho emigra!, mas um PM não o pode dizer a uma geração/classe sócio-profissional. Ao fazê-lo está a condenar Portugal à extinção no longo prazo.

Beijo,

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