sábado, 5 de novembro de 2011
O Bruxo
O bruxo tinha ar de beato. Baixo, cabelos brancos e voz nasalada, falava sempre no mesmo tom. Era suposto ter um qualquer dom que lhe permitia exorcizar fantasmas, traumas e maus olhados. Porque pressentiu terreno pouco fértil para as suas aldrabices, nunca ousou interpelar-me que não para uma conversa informal. Dezenas de enganados acreditavam na sua mediunidade, na capacidade de fazer trabalhos que só um psiquiatra seria capaz. Mandou-os andar às voltas em igrejas esconsas, repetir rezas arcaicas, beber água inquinada, apanhar lagartixas.
As minhas desconfianças tornaram-se realidade. O bruxo não passava de um reles abusador. Descoberta a marosca e um par de estalos depois, o místico foi pela sarjeta abaixo. Que é o local onde os ratos devem estar.
(Inspirado numa história verídica)
tags:
histórias da treta
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Mas que história! Bem aplicados, esses estalos!
Abraço
Ficarias surpreendida com quanta gente boa acredita em tretas deste género. Até amigos meus em situações pessoais e afectivas complicadas já recorreram aos bruxos e afins. Acho que o desespero é terreno fértil para estas fraudes.
Abraço,
Fernando
Gostei do texto! Essa imagem é de algum filme?
É de um filme, talvez "Os Livros de Próspero", mas não tenho a certeza ...
Enviar um comentário
A minha alegria são os teus comentários. Simples ou elaborada a tua opinião conta. Faz-te ouvir! Comenta!