segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Quem me protege?


A arbitrariedade com que o jornalista Nuno Simas foi espiado fez cair o Carmo e a Trindade. Afinal se há espaço sacrossanto é o da imprensa. Com todo o poder e sentido de classe que lhe é reconhecido amplifica um caso preocupante, quer pela desregulação das secretas, quer pelo casuístico que encerra e que constitui um alerta a não menosprezar.

Ao que parece Nuno Simas, com obra publicada sobre o assunto e conhecedor dos meandros das secretas, teria a consciência do que lhe poderia advir tendo em conta a especificidade da sua investigação.

Mas o cidadão comum é espiado quando participa em manifestações e nunca vi tamanha preocupação. Quem tenha estado em participações cívicas e seja minimamente atento já terá observado uns senhores que não se parecem com repórteres de imagem [basta ver que estão muitas vezes munidos de uma handycam], a filmar a passagem da massa anónima de manifestantes. Todos sabemos que  se compra software de reconhecimento facial, o que significa que qualquer participante numa concentração da CGTP, UGT, de qualquer partido ou movimento é facilmente identificável. Para quê e com que objectivo? Detectar ameaças à segurança nacional? Identificar falanges ou perigosos anarquistas e revolucionários? A mim que ninguém conhece, não tenho camaradas zelosos nem poder mediático, quem me protege?

4 comentários:

Fenix disse...

A si quem o protege, Fernando?!

Eu diria que o seu bom senso...fazer poucas ondas, etc, e tal...;)


Abraço
Ana

Fernando Lopes disse...

Ana,

A mim ninguém me cala!! :)

Sei bem que o trabalho dos jornalistas é sensível e as suas fontes protegidas por lei. Mas os cineastas de trazer por casa já os vi várias vezes. Assiste-me o direito de me manifestar em perfeito anonimato. Nunca vi essa preocupação em relação à plebe.

Abraço,
Fernando

nome-qualquer disse...

Tudo isto me faz lembrar, cada vez mais, um romance de Kafka. E ainda que os adore ler, não tenho nenhuma curiosidade em vivê-los. Agentes secretos que tudo podem fazer sem a eles nada acontecer, muito perigoso.

Fernando Lopes disse...

Kafkiano é um boa designação para este "Processo".

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