sexta-feira, 29 de julho de 2011

Colossal


Pedro Passos Coelho parece ter uma preferência pelo vocábulo colossal. Voltou a usá-lo no primeiro debate na Assembleia da República. Utilizou "esforço colossal". E as palavras nem sempre libertam. Decorrido um mês de governo podemos falar várias vezes de colossal:

1. Colossal o aumento de impostos que tal como Pedro (o apóstolo) negou quando perguntado.
2. Colossal o aumento dos transportes públicos.
3. Colossal o número de elementos da comissão para acompanhamento das medidas da troika (30).
4. Colossal a embrulhada em que o governo se colocou com as nomeações para a Caixa.
5. Colossal a insensibilidade que demonstrou ao deixar um mero Secretário de Estado ventilar a hipótese de uma ainda maior diminuição das indemnizações por despedimento, colocando não uma geração, mas um país, com vínculo laboral precário.
6. Colossal o impacto que irá ter nos nossos bolsos a liberalização do mercado energético.
7. Colossal a ineficácia de um governo que, um mês volvido, não apresentou uma única medida de redução da despesa pública verdadeiramente capaz.

Poderia continuar ad eternum a utilizar a palavra colossal para caracterizar o absurdo deste modelo ideológico, para o facto de a austeridade gerar recessão, para o momento em que estas medidas nos transformarão numa segunda Grécia. Atirar dinheiro para cima dos problemas não os resolve. É um facto que Sócrates provou à saciedade. Retirar dinheiro e direitos aos poucos trabalhadores que ainda resistem é como tentar apagar um fogo com gasolina. Algo que, infelizmente, o tempo se encarregará de provar.

2 comentários:

Fenix disse...

Fernando,

E nós (portugueses) não estamos colossalmente surpresos, pois não?!

E vai ver que às tantas ainda vão ganhar as próximas eleições, ou então quem sabe, para "aliviar" um bocadinho, votarão PS....


Abraço
Ana

Fernando Lopes disse...

Ana,

Aqui entre nós, já estava com saudades dos seus comentários. É que isto de ter muitos pageviews sem contraditório não tem graça nenhuma. Assim valorizo a sua concordância, discordância, achega e o mais que seja. ;)

Nós não estamos surpresos, mas parece que há quem esteja. Basta ver as manifs de ontem a propósito do aumento dos transportes públicos. Gostava de saber quantos dos que se estavam a queixar votaram nos partidos ao arco governativo. Seguidamente, como convém, mudam-se os nomes e pronto ... É a maravilha da alternância!

Abraço,
Fernando

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