sexta-feira, 6 de maio de 2011

Inquietude

Às vezes acordo com uma música na cabeça. Nada que tenha ouvido na rádio ou em casa, mas memórias, fragmentos de letras ou de sons que de alguma forma são significantes para mim. Hoje, acordei com uma velha melodia dos Talkings Heads, que caracteriza, de alguma foram as encruzilhadas em que involuntariamente me coloco. Nunca fiz grandes planos de vida, sempre segui a corrente. Essa corrente levou-me a uma filha que amo, uma mulher que, mais do que uma companheira, já é um bocado parte de mim. Bens materiais de uma confortável mediania, que me permitem um futuro relativamente seguro e tranquilo. E no entanto ... persegue-me esta inquietude, uma sensação de que me falta algo. Como na música, tudo pode mudar, a nossa estabilidade é precária, mas como é que cheguei aqui? Porquê esta falta de algo que não sei o que é, nem como definir?


And you may ask yourself
What is that beautiful house?
And you may ask yourself
Where does that highway go?
And you may ask yourself
Am I right?...Am I wrong?
And you may tell yourself
MY GOD!...WHAT HAVE I DONE?

10 comentários:

Anónimo disse...

"And you may tell yourself MY GOD!..."

:-)

Bj

M Manel disse...

Mais uma vez passou a parte da assinatura! Claro que só posso ser eu :-)

Fernando Lopes disse...

Manel,

É um inquietude existencial, não tem nada a ver com a ausência do sagrado. E fico por aqui em filosofia de algibeira.

Bj,
Fernando

O abominável careca disse...

Olá,
Por mero acaso esta canção é a minha preferidas dos Talking Heads, com uma letra interessante e que por sinal todos nós às vezes nos identificamos com a mensagem da música. Nada como uma boa noite de sono para acentar ideias e no dia seguinte já vemos as situações com mais clareza!
Enfim há dias assim...
Um abraço

Fernando Lopes disse...

Abominável,

Como é que cheguei aqui?
O que é que fiz para merecer isto?
Onde é que vou a partir daqui?

Adoro perguntas sem resposta. Não é questão de falta de clareza, é antes:

Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P’ra outro lugar
.

Quem terá dito isto??

Abraço,
Fernando

O abominável careca disse...

Caríssimo,
A vida está repleta de questões para as quais nem sempre temos as melhores e mais assertivas respostas, mas a vida é mesmo isso, hoje estamos "in" amanhã estamos "out", num dia temos uma agradável revelação e no outro quiçá uma tremenda desilusão, temos que saber lidar com todas estas adversidades e ter esperança que amanhã será outro dia e se calhar repleto de surpresas positivas!
Viver custa, mas sempre é melhor que não estar por cá, certo?!
Um abraço

Fenix disse...

Fernando

Esse estado de espírito começa na adolescência e nunca mais nos larga...

Bons sonhos!

Ana

Fernando Lopes disse...

Ana,

É da natureza humana, não é?
Eu não sou um gajo estranho, pois não?
Tranquilize-me, p.f.! ;)

Abraço,
Fernando

Fenix disse...

Se o Fernando for um gajo estranho, eu também sou uma gaja estranha, pois essa letra do Variações, "adoptei-a" desde o seu lançamento, por me identificar demais com ela...

A natureza é composta por opostos.
E nós somos também natureza. Cabe a cada um de nós encontrar o nosso ponto de equilíbrio. Conversarmos connosco, mimar-mo-nos. E se for possível tentar compreender e se possível amenizar os problemas dos
que nos rodeiam. Vai ver que as nossas inquietações nos vão parecer muito menores.

E agora, como quem conta um conto para adormecer, vou deixar-lhe um excerto do livro “Humanizar a Terra”, de Silo:

"...Se por acaso te imaginas como um bólide fugaz que perdeu seu brilho ao tocar esta terra, aceitarás a dor e o sofrimento como a natureza mesma das coisas. Mas, se acreditares que foste lançado ao mundo para cumprir com a missão de humanizá-lo, agradecerás aos que te precederam e construíram trabalhosamente teu degrau para continuar na ascensão.

Nomeador de mil nomes, fazedor de sentido, transformador do mundo... teus pais e os pais de teus pais se continuam em ti. Não és um bólide que cai mas uma brilhante seta que voa para os céus. És o sentido do mundo e quando esclareces teu sentido iluminas a terra. Quando perdes teu sentido, a terra se obscurece e o abismo se abre.
Te direi qual é o sentido de tua vida aqui: humanizar a Terra! Que é humanizar a Terra? É superar a dor e o sofrimento, é aprender sem limite, é amar a realidade que constróis.

Não posso pedir-te que vás além, mas também não será ultrajante que eu afirme: “¡Ama a realidade que constróis e nem sequer a morte deterá teu vôo”!”.

“Não cumprirás com tua missão se não pões tuas forças em vencer a dor e o sofrimento naqueles que te rodeiam. E se conseguires que eles por sua vez empreendam a tarefa de humanizar o mundo abrirás seu destino para uma vida nova”.

Abraço solidário
;)

Ana

Fernando Lopes disse...

Ana,

Gostei das citações. Não conhecia. Já fiz o download de um ficheiro word, para ler mais tarde.
Maravilhoso o mundo da internet, onde se encontra ao mesmo tempo quem pense e sinta como nós e ainda nos dê umas dicas para leitura.

Obrigado e abreijo,
Fernando

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