quinta-feira, 26 de maio de 2011

Grécia corre o risco de não receber próxima tranche do FMI


Para um leigo em economia recessão gera baixa de consumo. Consequentemente menos impostos e menos receita. O menu do FMI/FEEF/BCE não está a dar resultado na Grécia. Pelo contrário só desperta a voragem dos "mercados" por novas presas.

Se os europeus não querem uma Europa a várias velocidades têm de dialogar. Temos países em situação idêntica à nossa e nunca se viu a procura de uma solução comum. Os até agora intervencionados nunca se reuniram para debater problemas ou possíveis soluções. Nesta Europa do "salve-se quem puder", Portugal, Grécia e Irlanda ficaram presos a uma moeda comum que não podem desvalorizar.

Temos vizinhos que míopes apenas se preocupam com o seu umbigo, adiando ad eternum um inevitável caminho de unificação sócio-económica e política, que a curto prazo será necessária não só para a sobrevivência dos periféricos, mas também do eixo franco-alemão. Tardam em compreender que as desigualdades são a génese das revoltas. A mais do que previsível reestruturação da dívida grega será provavelmente o primeiro passo para o debilitado edifício europeu ruir como um baralho de cartas.

Se os líderes não souberem assumir as suas responsabilidades e se mostrarem incapazes actuar como um todo, serão as Moody's deste mundo a mandar na velha Europa. Mas isto é um cidadão simples a pensar ... Pensem comigo e participem com a vossa opinião.

11 comentários:

Fenix disse...

Fernando

O Fernando é leigo e eu sou "aprendiz de leiga"...e está tudo dito no seu post!

Há muito que se perfilava um mundo selvagem, e estamos a caminho do seu clímax. E não acreditamos que os obreiros desta catástrofe social não vislumbrassem o seu desenlace. Muito pelo contrário, foi tudo maquiavelicamente estruturado para que assim acontecesse... o Domínio dos povos através da escassez de dinheiro, de bens essenciais...

Para terminar:

"Vamos a caminho de assassinar os nossos netos: o nosso modelo de crescimento esbanja numa geração riquezas acumuladas nas entranhas da terra, há milhões de séculos. Esta política mata já todos os anos, pela fome, cinquenta milhões de seres humanos no Terceiro Mundo, que encurrala no extermínio ou na revolta. E propõe-se já, nos Estados Unidos e em França, "forças de intervenção militar"...

Sem uma transformação radical talvez não venha a haver século XXI na história dos homens. Será dentro de vinte anos."...

Dizer ao resignados sentados a olhar a torrente que rebenta e àqueles que já se deixaram arrebatar por ela para a voragem: ainda é possível existir e viver. Ainda é possível levantar um dique à vaga e inverter-lhe o curso. Com a condição de manter os olhos abertos. De nos pormos de pé. De defender cada parcela da nossa vida.

Tal é a ambição deste livro.

Foi escrito para aqueles que querem ter nas mãos o seu próprio futuro e não delegar este poder em ninguém. Escola de participação para ajudar cada um a inventar o futuro.

Os meios para nos destruirmos não faltam se continuarmos a ser incapazes de lhes atribuir finalidades novas.

Para quem não dormita à beira do precipício, a angústia transborda dos nossos écrans de televisão, das nossas rádios, dos nossos jornais, mesmo quando procuram "divertir-nos" desviando-nos a atenção."

excerto do livro - "APELO AOS VIVOS" de Roger Garaudy - editado em 1979.


Pelos vistos ficamos "resignados a olhar a torrente" que rebentava...


Abraço
Ana

M Manel disse...

Amico!

Isto é que vai um 31 em todo o lado!

Já diz também que os EUA irão entrar em incumprimento e que os investimentos da Líbia salvaram a banca francesa...

Quanto à Moody, Standard and Poors, Fitch e não muitas outras, o mecanismo é o seguinte:

Os magnatas, banqueiros, sultões do petróleo e outros que têm o que nem imaginamos perderam rios de dinheiro nos EUA em 2007/2008, devido investimentos de alto risco.

Agora querem repor rapidamente o que lhes falta no pecúlio.

Assim sendo, e como o particular em geral já está super endividado e não consegue pagar juros ( e nem o capital em dívida...) as dívidas soberanas (ou seja dívida do Tesouro Público dos diferentes países) vão ter que render o pretendido.

Então, os gestores de fortuna, quer por sinal são os classificadores das economias, dão um mau parecer - aumenta o juro;
em seguida vão eles comprar os títulos em causa com um rendimento fantástico;
obtêm assim uma maquia maravilha para os seus clientes milionários ficarem ainda mais milionários e voltarem a valores de fortuna anterior à crise financeira.

E voilá, manipulação pura e simples, dos meios e dos resultados.
O pior é que ninguém os consegue parar - passou para a Europa o que sucedeu durante décadas em África e América Latina.
Temos um "lindo" futuro à nossa espera, infelizmente.



Bisoux

Fernando Lopes disse...

Ana e Manel,

Os vossos comentários são mais incisivos e um contributo bastante melhor do que o post em si, que se limita a reflectir e constatar o óbvio.

Mas, infelizmente, tanto num caso como noutro bastante catastrofistas.

O que para mim como leigo é um paradoxo. Se produzimos como um todo mais riqueza, não estará na hora de afogar os tubarões da Maria Manuel e dar um sentido à vida e à sociedade, fazendo o bem-estar chegar a mais pessoas?!
Como é que o mundo se pode perpetuar gerando assimetrias cada vez maiores? Não estarão os tubarões da alta-finança a ser autofágicos?

Só encontro perguntas, e as respostas económicas e políticas parecem-me cada vez mais distantes desta realidade que sentimos e do futuro que intuímos.

Beijos às meninas e obrigado por me terem posto a pensar.

Fernando

Anónimo disse...

No início da crise europeia, o problema era a subida do euro face ao dólar. Agora o problema, já é o euro estar a descer a pique. Parece que a fome de união dos países europeus para fazer frente à grande potencia mundial da altura se está a desmoronar.
Dependemos do dinheiro, é um facto.
Parece-me a mim que só se salvarão os mais astutos e os que souberem tornar-se imprescindíveis.
Isto porque duvido que os grandes grupos económicos por detrás da especulação de mercados não leve a melhor no mundo qual e tal o conhecemos.
A fome de poder é muita e existe pouca vontade de debater situações que comprometam o estrato social de 9 ou 10 pessoas por país.

Fernando Lopes disse...

Anónimo,

Obrigado pela sua participação. Embora compreenda a sua reflexão, também ela me provoca questões. Se se aplicar um certo darwinismo económico, vão ser poucos os consumidores dos tais que se revelarão mais astutos e imprescindíveis. Quererá isto dizer que o capitalismo contêm a génese da sua autodestruição?
Podem ser questões de filosofia barata, ou reflexões que qualquer jovem de 18 anos faria. No entanto, inquietam-me.Leigo me confessei e ignorante sou.

Um abraço,
Fernando

O abominável careca disse...

Caro Zé,
Sem quer alongar-me em grandes comentários e disertações porque já muito foi escrito, fico com a sensação de que o que irá acontecer à Grécia inevitavelmete também será uma certeza pela nossa "merdaleja". Os políticos do eixo Franco-Alemão ainda não perceberam que terá de existir uma Europa a duas ou três velocidades, devido as idiossincracias dos ditos (PIGS). Se não há produção, crescimento, nem salários condignos muito dificilmente se conseguirá uma hegemonia entre todos os intervenientes. E para se chegar e esta conclusão não é necessário concerteza ter nenhum MBA em economia, basta estar minimamente atento às realidades...
Um abraço!

Fernando Lopes disse...

Abominável,

E os alemães vão vender os submarinos, os Mercedes e essas merdas todas a quem? Achas que os BRICs estão interessados em ficar dependentes de terceiros? O tanas! Olha para o proteccionismo chinês e brasileiro.
Num futuro não muito longínquo os alemães vão ficar atolados na merda que produzem.

Abraço,
Fernando

M Manel disse...

Amigo:

Abordar problemas sérios em versão brejeira não é mesmo o meu "approach".

Já vi o reverso de várias medalhas, e reforço: a situação está demasiado perigosa para pelo menos não se estar seriamente atento...



Bj

Fernando Lopes disse...

Manel,

Perdoa-me mas escapa-me a brejeirece.
Se as economias emergentes são altamente proteccionistas, os grandes produtores europeus vão produzir para quem? Para os PIIGS não. Os países de Leste ainda não possuem poder de compra nem massa crítica como a China, Rússia ou India.
Se quiseres elabora sff.

Beijo,

M Manel disse...

Alô!

Não me referia ao teu comentário, bem conseguido por sinal.
A questão é chamares catastrofistas a constatações da realidade, até já antecipada há bastantes anos, como referiu Ana.
Não se pode confundir esperança com a atitude generalizada que nos trouxe até aqui.
Nos últimos anos, por razões diversas, tenho experimentado o que é a vida a andar para trás em aspectos económicos. Os tempos áureos já lá vão e desde que trabalho na indústria têxtil o que tenho constatado o que "é navegar à vista".
O problema é que se chegou a um "caldo" em que tudo vai nivelar por baixo, e tomando como exemplo o que no campo financeiro tenho vivido nos últimos quatro anos, entre empresas a falir, maus investimentos e falta de visão - a vida do cidadão vai dar uma grande
reviravolta, porque a incompetência de quem tem poder vai ser paga muito caro.
E sinceramente, lamento que a nossa geração, hiper egocêntrica, não tenha criado espaços para quem nos segue, a dita geração à rasca, porque no fundo, ninguém esteve interessado em dividir nada, e não arranjou mais lugares ao sol

O.K., O.K, o meu sentido de vida (felizmente) católico

Bj

Fernando Lopes disse...

Manel,

Compreendo e respeito o teu ponto de vista. E é evidente que não me lembro no meu já longo percurso de vida de ver tanto desemprego. Um flagelo que nos pode tocar a todos. No entanto concordarás que hoje se produz mais riqueza no mundo. Para um leigo, não é líquido que haja menos riqueza, mais pior distribuída, como no tempo dos nossos avós. É por isso que me custa a aceitar (e provavelmente estarei errado) que se possa gerar num espaço como o da UE desigualdades maiores do que as que existem. Isso gerará o caos e revoltas. E é só nesse sentido que penso que és "catastrofista".
Acredito no bom senso dos países mais ricos, para potenciarem a agricultura as pescas e o turismo p.ex. Para preservação do seu próprio futuro. Argumentarás que já devia ter sido feito há anos. Com toda a razão. Mas em nome da coesão social europeia não será necessário repensar tudo do norte ao sul da europa? É essa a esperança que tenho, caso contrário além de fome teremos rebeliões que nunca se sabe como poderão acabar.
Quanto às novas gerações, temos culpa, mas como criar espaço?

Beijo,


P.S- - É muito interessante ler os teus comentários, porque me fazem reflectir em áreas que por falta de formação me passam ao lado.

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