sábado, 2 de abril de 2011

José e Marcos no pais dos doutores


A apropriação de um título académico é coisa grave. É como conduzir sem carta. José não queria ser só eng.º técnico e licenciou-se a um domingo. Coisas que só acontecem a quem tem amigos influentes. Marcos licenciou-se em finanças. Pelo cansaço. "Estive lá oito anos." O que o pode qualificar para dux veteranorum, mas não lhe atribui a licenciatura. A justificação, como diz Ana Matos Pires, no jugular, é pífia. Completamente de acordo. Mas pífia é também a sociedade que acha que para se ter competências ou credibilidade, uma licenciatura é indispensável. Ninguém quereria estar nas mãos de um médico que esteve 25 anos na faculdade de medicina. Que fique bem claro que a apropriação de títulos académicos, é um crime. Mas também é tempo de reconhecer que existem méritos para lá dos académicos.

O silogismo por todos interiorizado reza assim:

1. Todo o não dr. é incompetente
2. Marcos não é dr.
3. Logo, Marcos é incompetente.

Isto é típico de uma sociedade atrasada, em que se valorizam mais os títulos académicos do que as competências. Esta mentalidade, levou a que todos quisessem ser doutores fosse no que fosse. Os mesmos que agora estão à rasca, porque o título não lhes traz competências. Caso contrário teriam emprego no dia seguinte. Isso agora só acontece aos muito bons. Seja em que área for.

2 comentários:

Fenix disse...

Fernando,

Por acaso já tinha lido a notícia no SOL, onde é referido que o homem "tinha sido nomeado administrador desta empresa em 2005".
E eu pensei: bem se continua lá é porque tem dado provas de competência?! Ou não?! Será que quando se é nomeado para estes cargos, por ex-colegas de faculdade bem posicionados, se fica dispensado de avaliação de desempenho?!
E já agora, eu que sou naïf, pergunto: mas porque raio é que para estes lugares não se fazem concursos públicos para os ilustres desconhecidos?! Porque não se inclui, o "amiguismo" no quadro das incompatibilidades?

Abraço
Ana

Fernando Lopes disse...

Ana,

A "explosão" destes casos, daria para uma análise sociológica das boas. Mas terão de me convencer que não é a pressão social que faz as pessoas assumirem falsas habilitações.
Certo que é um crime. Certo que não devia acontecer. Mas o post de Ana Matos Pires, não vai ao que mais me interessa. Porque é que as pessoas se sentem compelidas a mentir sobre as suas habilitações?
Essa é, quanto a mim, a verdadeira questão.

Abraço,
Fernando

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