Deu-me o fanico. Entre comprimidos, e para aliviar o tédio resolvi reorganizar os contactos do telemóvel. Dei com o nome do Paulinho. O Paulinho era um amigo meu de juventude, que faleceu num estúpido acidente. Fui ao funeral e despedi-me como sempre. Uma palmada na cara e um - até um dia destes companheiro. Já passaram mais de dois anos, mas não consigo apagar o contacto do telemóvel. Como se ao apagá-lo, extinguisse a possibilidade de o voltar a reencontrar. Como se tivesse medo de apagar a amizade, os copos bebidos, as confissões trocadas. Como se me estivesse a confrontar com a minha própria mortalidade, em que chegará o dia que, também eu, serei um contacto a apagar. Vais ficar por aqui. Um dia destes vou ver-te ao dobrar da esquina, dar-te o estalo carinhoso do costume e dizer:
- Vem daí, vamos beber uma cerveja e pôr a conversa em dia.
4 comentários:
Fernando,
Mais importante que figurar no telemóvel é "morar" no seu coração!
Então deu-lhe o fanico?!
As melhoras e lembre-se:
"Não leves a vida demasiado a sério; nunca conseguirás sair dela vivo "
(Elbert Hubbard)
Abraço
Ana
Ana,
Acho que estou a ficar gágá. A minha mulher, que tem memória de elefante, lembrou-se que esse querido amigo morreu antes de a minha filha nascer,já lá vão quase seis anos.
Mas tem razão, está vivo e bem vivo nas minhas memórias e no meu coração.
Abraço,
Fernando
É isto mesmo...Abraço
Devida Comédia,
Obrigado pela visita, que muito me honra. Como profissional das letras e sobretudo como amigo, peço-te o que já pedi à estante acidental, crítica desapiedada,pois só assim posso vir a aspirar a algum dia escrever alguma coisa de jeito.
Quanto à amizade, é inexplicável, um fenómeno que me transcende, quase "de pele". Recuso-me a apagar as velhas memórias, em homenagem às que ainda aí virão.
Um abraço,
Fernando
Enviar um comentário
A minha alegria são os teus comentários. Simples ou elaborada a tua opinião conta. Faz-te ouvir! Comenta!