sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Portugal, a Flor e a Foice


Os amigos do purgatório, conhecem a minha confessa admiração por J. Rentes de Carvalho. Mais do que um grande escritor é um ser humano de uma lucidez e humildade invulgares. Rentes é do tempo em que ser humilde não era encarado como fraqueza, mas como sinal de carácter. Quem isto vos confessa já sentiu na pele quanto a reserva e discrição são defeitos aos olhos de hoje. Fui "acusado" de, no trabalho, ter "mau marketing pessoal". Ora como vendo o meu trabalho e não a minha imagem, até porque não sou nenhum detergente, esta afirmação calou fundo.

Quem, como eu, tinha onze anos aquando do 25 de Abril, tem deste período memórias difusas e romantizadas da infância e adolescência. Mas J. Rentes de Carvalho, de ora adiante designado Mestre, estava vivo, e bem vivo, em Amesterdam.De lá, escreveu um ensaio sobre o pré e pós 25 de Abril, em que demonstra o conhecimento dos meandros do regime, das famílias então e hoje dominantes, de uma certa tolerância com os democratas que exibissem pedigree.

Para vos aguçar o apetite deixo aqui um pequeno excerto de "Portugal, a Flor e a Foice", revelador das idiossincracias deste período da história recente portuguesa.

"Levado como outros por esse delicioso entusiasmo de uma luta de classes a fingir, um D. Fernando, marquês de Fronteira, ofertou à CDE, para despesas eleitorais, meio milhão de escudos. O povo, ao tomar conhecimento, encontrou a designação justa para essa novidade em ideologia política: o "marquesismo-leninismo"

O primeiro post está aqui, e o segundo aqui.
E se quiserem, como eu, que esta obra seja editada, podem sempre enviar um mail para: margarida.ferra@quetzaleditores.pt

É que, este ensaio, por incómodo, está guardado numa gaveta, à espera da coragem e desassombro necessários à sua publicação em português.

2 comentários:

Fenix disse...

Fernando,

Já tinha lido esses postes, porque tomei conhecimento de J. Rentes de Carvalho, através deste blogue.

Como partilho da sua opinião sobre o encanto e desencanto do 25 de Abril e seus protagonistas, que vou juntar a minha voz para que a obra seja editada em português.

Fernando Lopes disse...

Ana,

Já enviei um e-mail que deve ter ficado no purgatório. Sei bem que a edição de uma obra destas, além de incómoda, provavalemente provocaria reacções.
O mais cómodo é não publicar.
Mas o mais cómodo não é o correcto. Em nome da liberdade de expressão e de opinião, este ensaio não deveria ficar na gaveta.
Penso eu de que ...

Abraço,
Fernando

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