quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Commodities e abutres


Nada me move contra os ricos. Só que sou do tempo em que se era rico por herança, ou porque se tinha de construído alguma coisa. Uma fábrica, um negócio, um comércio, fosse o que fosse. Ninguém ficava rico, com o rabo sentado, à frente de um computador, a comprar e vender commodities.

Na era dos amigos virtuais, também a riqueza é virtual. No meu modo prosaico de ver as coisas, as bolsas deixaram de "dar". Para onde se viraram os abutres? Para as commodities, que vão desde o trigo ao petróleo, passando pelo algodão. Algures na city londrina ou em Wall Street alguém está a ficar rico, vendendo e comprando trigo, café, sumo de laranja, sei lá que mais. Estes abutres, não compreenderam que o lucro de alguns significa a miséria de muitos. Ou se calhar compreenderam, mas estão-se nas tintas. Esta especulação com coisas tão simples como o trigo vai gerar desequilíbrios, fome e revolta. Os povos africanos, asiáticos e mesmo europeus não podem assistir impassíveis a meia dúzia de "investidores" que brincam com o nosso pão. No sentido literal da palavra.

Uma regulação destes e outros mercados é urgente. Caso contrário, o circo vai pegar fogo, e não vão ser os palhaços que se vão queimar. Vai haver abutre de churrasco.

6 comentários:

Paula Crespo disse...

Mas a regulação dos mercados é mesmo uma urgência! No filme Inside Job - A verdade da crise esta realidade é bem retratada.

Fernando Lopes disse...

Paula,

Obrigado pela referência. Não conheço o filme, mas vou procurar ver. Expliquei isto de uma maneira prosaica, sem recorrer ao economês que não domino, mas parece-me uma preocupação a ter em conta, sobretudo para os países em vias de desenvolvimento, que em breve irão consumir mais do que a sua capacidade produtiva.
São contributos como o seu que me fazem continuar a escrever baboseiras. Aprendo sempre alguma coisa.

Abraço,
Fernando

Fenix disse...

Fernando

E quem é que QUER e PODE regular os mercados!

Acho que só mesmo através do churrasco!

Abraço
Ana

Fernando Lopes disse...

Não sei, Ana.
Ninguém pode deixar chegar as coisas ao ponto da rebelião. Acho eu ...

Abraço,
Fernando

O abominável careca disse...

Caro Zé, com o colapso da especulação imobiliária, houve necessidade de diversificar as mesmas especulações para outro tipo de mercados e produtos. Logo o raciocínio lógico foi apontar baterias para tudo aquilo que se consome diariamente e em larga escala, toda a panóplia de bens alimentares transacionáveis em bolsa para desse modo ter um mercado alternativo e com lucros rápidos! E claro está se não houver regulação iremos ter outro "Crash" e em bens que são essenciais a todos, com consequências verdadeiramente imprevisivéis!
Um abraço!!!

Fernando Lopes disse...

Abominável,

Não percebo nada de economia, mas especular com bens alimentares, só poderá trazer grandes fomes e consequentemente grandes revoltas.
Os governantes mundiais não estão dispostos a parar este gajos ??
Temo pelo futuro.

Abraço,
Fernando

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