segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O meu primeiro pipi

Estranhas insónias e mecanismos de memória que cada vez mais me aproximam dos de um velho, fazendo presente o passado e negligenciando as memórias dos tempos que correm. Episódio de intimidade que conto hoje. Fui criado no centro do Porto, junto a uma velha quinta que ainda hoje subsiste. Por detrás dos portões da Quinta da Aurifícia escondia-se um mundo rural no centro da cidade. Uma exploração agrícola rudimentar que fornecia de vegetais e flores uma clientela de proximidade. Castanheiros, ameixoeiras, vinha, diospireiros, a quinta tinha de tudo em pequenas quantidades. Aqueles três ou quatro hectares rurais, perdidos na cidade, eram um mundo que me agradava sobremaneira explorar.

Era acompanhado muitas vezes por uma vizinha da minha idade, a expedita Ana Maria. Aos 7 ou 8 anos o interesse sobre o sexo oposto dava os primeiros passos. Gastando muitos e bons argumentos, lá consegui que a Ana Maria expusesse a sua intimidade, mostrando-me o seu pipi. Momentos exaltantes em que todo eu tremia, num misto de medo, desejo e infantil libidinosidade. Foi o primeiro pipi que vi, claramente visto. A coisa foi-se repetindo, até ao dia em que também ela queria ver como era uma pilinha. Vergonha e uma eventual consciência dos meus parcos dotes, levaram-me a abdicar desses prazeres secretos, partilhados na zona dos castanheiros. Marca que me ficou até hoje, pois nos dias invernosos e frios como o de hoje, após o banho matinal ainda prefiro sair de tolha enrolada à cintura a exibir a minha encolhida masculinidade.

0 comentários:

Enviar um comentário

A minha alegria são os teus comentários. Simples ou elaborada a tua opinião conta. Faz-te ouvir! Comenta!