quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Tarantinada


O assalto tinha sido cuidadosamente planeado. O ourives saía de casa todas as quintas, com o material das encomendas. Faria a distribuição das peças durante a manhã. Com sorte, poderiam gamar 50.000 €. Dificilmente o receptador lhes daria mais de 15.000 €. Que se foda! Dava para dar algum à velha, comer marisco, comprar xamon e cheiro para 2 meses. O Rodrigues e o Segal eram gajos experientes e já tinham passado por Custóias, Chaves e Paços de Ferreira. Gabavam-se de ter mantido a peida incólume nas suas estadias nestes estabelecimentos de referência.

O Zeca, dentro do segundo carro segurava nas mãos trémulas uma Beretta 9 mm. O ourives saíu à hora prevista, abrindo os portões automáticos da vivenda. Olhou para o lado. Era o Jonas, uma besta de 100 kilos, que se gabava de comer três francesinhas depois de 2 horas no ginásio. O sinal. O Jonas engrena a marcha-atrás. No momento em que acelera para atravessar o Punto gamado, o filho da puta dá gás a mais e choca com um carro estacionado. Ouve-se um estrondo seguido de um estalido e dois sonoros foda-se!. O Zeca com o impacto tinha acabado de disparar sobre o próprio pé.

O ourives apercebe-se da armadilha e serpenteia entre o Punto batido e o passeio. O Segal vinha no seu encalço. Pelas ruelas de Gondomar iniciam uma perseguição destinada ao fracasso. O cabrão tinha um Mercedes, bem mais rápido que o Punto e Saxo perseguidores. Curva, contra curva, chiadeira dos pneus, quando, de repente aparece um carro Nivea. A bófia, caralho, recua, recua!!!  O Jonas abandona o chaço e desata a correr rua fora, tão depressa que os calcanhares lhe batiam no cu.

O Zeca sai do carro e manca, com um buraco no pé que quase dava para ver o asfalto. Polícia! Alto ou disparo! Puta de sorte, nem ouro, nem nada e a bófia ali a gritar. Zeca atirou para longe a velha Beretta. A puta disparou. A polícia também. E o Zeca caiu, lentamente, de joelhos, olhando incrédulo para o buraco no peito e estranhando a chiadeira que fazia enquanto respirava.

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