terça-feira, 21 de junho de 2011

Estado de negação?

Sem acesso aos canais portugueses de notícias (afinal estou no Allgarve) e consequentemente sem poder assistir ao espalhanço ao vivo, do troca-tintas mor do reino, de seu nome Fernando Nobre, passei uma pequena parte da tarde a ver um debate na Câmara dos Comuns sobre a situação financeira mundial e o posicionamento do Reino Unido face ao segundo regaste à Grécia. Os ingleses afastam-se do euro como na idade média se afastavam os leprosos.

Algumas frases a reter do debate:

"O euro vai colapsar."

 "O Reino Unido só participa no resgate à Grécia através da sua participação no FMI."

 "Recusamo-nos a integrar um futuro Ministério das Finanças Europeu."

 "Os franceses e alemães só estão interessados neste resgate, para assegurar a saúde financeira dos seu bancos. O Reino Unido tem investido na Grécia 1/5 do valor alemão e 1/3 do que esta deve aos bancos franceses (4 mil milhões de euros)." 

Para o observador leigo, e mesmo sabendo do tradicional chauvinismo inglês (nós somos os continentais e não eles os ilhéus), existia genuína preocupação com as interdependências europeias. Alguns parlamentares britânicos, opinavam que a saída da Grécia do euro implicaria a posterior saída de Portugal e da Irlanda e eventualmente uma crise pior que a de 2008, iniciada (ou antes apercebida) com a falência do Lehman Brothers. As consequências do fim da moeda única seriam terríveis para todos, da Grécia à Alemanha.

No fundo estamos todos no mesmo barco, mesmo que alguns insistam em assobiar para o lado e negar evidências. O espantoso, é que os britânicos parecem mais preocupados do que nós. No jornal da SIC todo o problema grego não passou de uma nota de rodapé. Estarão os portugueses em estado de negação?

2 comentários:

Fenix disse...

Fernando,

"Estarão os portugueses em estado de negação?"

Se estivermos à espera que os nossos "jornaleiros" nos INFORMEM, bem podemos esperar sentados!

Sem informação não podemos de modo algum estar em estado de negação, mas sim de alienação...

E a propósito: QUANTOS referendos foram feitos em Portugal desde que nos "disseram" que vivíamos em Democracia?! E QUAL a sua relevância para os grandes desígnios do país?!

Quantos de nós conhecem o Tratado de Lisboa?! Não foi submetido a referendo aqui, pois isso implicava que nos tinham que informar do seu conteúdo, e como temos menoridade política, não sabemos e nem precisamos saber, os "senhores" políticos que nos governam sabem, e tomam conta de nós...

Como vê não podemos estar em estado de negação, pois os rebanhos limitam-se a seguir os pastores, claro que há sempre os tresmalhados, mas como sabemos, não são esses que fazem a diferença...

Fernando, depois dos resultados eleitorais e da percentagem da abstenção o que é que apetece fazer neste país?!

Quanto ao Nobre, eu vi e torci para que ele perdesse e foi confrangedor.

Bons mergulhos! ;)

Abraço
Ana

Fernando Lopes disse...

Ana,
O tom dos parlamentares ingleses era dramático. Não consigo compreender como podem eles estar mais preocupados, informados e debatendo um problema que é de todos, mas primeiramente nosso. A nossa "informação" já está ao serviço da alienação, como bem diz. Conheço os ingleses e sei que não se dão a grandes incómodos com os continentais se a coisa não for grave.
O tom preocupou-me porque antecipa tragédia.

Mas tenho de lhe dar razão estamos mal informados e junto a um abismo, decidindo ou não se saltamos...

Agora alienado, vou à praia...

Beijo,
Fernando

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