A propósito do Natal, e da enormidade de inutilidades que recebemos e oferecemos, lembrei-me do Papalagui, que li na minha adolescência. Aqui fica um pequeno excerto sobre as "coisas".
"Podereis reconhecer também o Papalagui pelo seu desejo de nos fazer crer que somos pobres e miseráveis e que necessitamos de muita ajuda e piedade, em virtude de não possuirmos «Coisas».
Queridos irmãos destas muitas ilhas: permiti que vos diga o que é uma «coisa». A noz de coco é uma Coisa, o enxota-moscas, o pano, a concha, o anel, o prato da comida, o adorno da cabeça são outras tantas coisas. Mas há duas espécies de coisas. Há coisas que o Grande Espírito cria sem nós vermos e que nos não exigem, a nós, humanos, qualquer esforço ou trabalho, coisas tais como a noz de coco, a concha e a cabana, e há coisas que os homens criam, que exigem muito esforço e trabalho, tais como o anel, o prato ou o enxota-moscas. Pretende então o alii (*) que são estas coisas criadas pelas suas próprias mãos, as coisas humanas, que nos fazem falta; pois não é possível que se esteja a referir às coisas criadas pelo Grande Espírito. Quem, realmente, será mais rico e possuirá mais coisas do Grande Espírito do que nós? "
(*) alii – Amo, cavaleiro
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