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Encontrei este amolador que simpaticamente acedeu a ser fotografado. Lembro-me de ainda criança, os ver a trabalhar à porta do Mercado do Bolhão. Faíscas voavam em todos os sentidos. Para um petiz de 5 ou 6 anos aquilo era o cúmulo do perigo e da transgressão permitida. Ficava uns bons minutos a admirar o modo hábil como afiavam facas e tesouras entre uma chuva de luzes saltitantes. Recordo-me também do som típico das flautas de pã com que se faziam anunciar rua acima. Ao ouvir o som sempre me ficou uma sensação de angústia. As estórias que a minha avó contava eram de desgraças. Os amoladores eram quase todos galegos pobres fugidos à guerra civil espanhola. Talvez isso fosse uma verdade em tempos remotos, não o era certamente nos anos 70 da minha infância. Mas o som melancólico da flauta ainda hoje me fazer tremer o estômago. Ficou gravado na memória como um prenúncio de fome ...
P.S. - O ar de dureza e simultaneamente de dignidade marcam este homem.
4 comentários:
Fernando
Não sabia que ainda se podiam encontrar amoladores! Será que sempre aí estiveram ou regressaram ao ofício em tempos de crise?!
"Ficou gravado na memória como um prenúncio de fome ..."
A história repete-se...
Abraço
Ana
Ana,
Pela baixa sempre circularam um ou outro. Julguei que e profissão estivesse extinta com o advento do compra, usa e deita fora.
Ainda há quem resista. Só não sei se devo dizer feliz ou infelizmente ...
Abraço,
Fernando
Este post é divinal e ainda bem que ainda restam estas pessoas.
Lila,
Pelo lado romântico da profissão e dos tempos, concordo. Mas não será também um sinal de dificuldades financeiras?
Gosto de te ver pelo purgatório.
Beijo,
Fernando
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