quarta-feira, 15 de junho de 2011
Na Grécia luta-se, aqui ficamos deitados ...
Tenho consciência de que as minhas posições sobre o dever de resistência de um povo são partilhadas por poucos. Mas, na minha modesta opinião, a resistência dos gregos a novas medidas de austeridade é perfeitamente legítima. As medidas do FMI provaram que em vez da recuperação os gregos vêem o seu poder de compra e a sua autonomia cada vez mais limitados. Para combater o fogo, é muitas vezes necessário atear um contra-fogo. Lá luta-se, cá o povo deita-se.
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6 comentários:
Alô!
Não há dúvida que se exige luta.
Contudo, ao lutar temos que atingir os culpados e não que deitar água na fervura (desinteressadamente ou não)
O FMI, quer para Grécia quem para Portugal é como o médico que vai aplicar quimio ou radioterapia no paciente - é óbvio que ganha dinheiro com o tratamento, nem que seja um salário.
Vou pôr a situação desta forma:
* imaginemos que o país é o corpo - o governo é a cabeça;
* a cabeça (cujo cérebro foi sendo substituído, por eleição do próprio corpo) foi sujeitando o dito corpo a toda extravagãncia,má dieta e mau trato possível em termos de saúde
* os sucessivos cérebros foram rejeitando o evidente excesso exercido, como qualquer alienado
Agora o corpo está miserável, como a estória do homem que aos trinta e cinco anos aparentava oitenta, com as noitadas, bebedeiras, raves, droga e toda a parafernália afim.
Embora ainda não seja percetível para muitos, nomeadamente a quem trabalha em grandes empresas, as metáteses do cancro que atinge as economias estão quase do ponto de não retorno e o país está prestes a ficar pré-moribundo.
Se existem tribunais de crimes de guerra, porque não se responsabiliza quem levou a situação a este estado?
Porquê os gestores nacionais e de empresas públicas não são julgados por crimes contra o Estado?
Parece-me que a n/ revolta deve ser contra eles. No caso português todos os governantes vivos deviam responder pelos seus atos, como qualquer criminoso de guerra.
É contra esta injustiça que eu quero lutar e se tiver que bater em alguém para trazer os responsáveis a julgamento, chamem--me que eu vou alegremente.
E certo é que estarei em pé, não a fingir de morta!
Bj
Claro que mais uma vez o "anónimo" quer se passar por mim!
Querida Manel,
A "legitimidade" da violência, revolucionária ou não é questão ainda hoje controversa. A violência gratuita, é, por si, condenável. Como forma de resistência é "uma energia", que eu definiria sobre certas circunstâncias como positiva. Por isso linkei o post ao grande Herbert Marcuse.
A possibilidade de julgar responsáveis políticos, esbarra com o conceito de dolo ou má-fé. Será legítimo condenar alguém que agiu estupidamente mas não de má-fé?
Onde começa e termina a capacidade de julgar actos de gestão que posteriormente se revelaram desastrosos? Mas compreendo a tua perspectiva.
Já a questão do FMI como médico, parece-me questionável. Um mau médico, com os olhos no lucro e que receita os mesmo medicamento, independentemente do tipo e particularidades da doença. Não esquecer que ao contrário do que era comum pensar (só o PCP o dizia) a destruição das pescas, agricultura e indústria teve o alto patrocínio do eixo franco-alemão e Cavaco como primeiro executor. Mas isso são contas de outro rosário ...
"... estarei de pé, não a fingir de morta!" é a conduta que esperaria de ti, como cidadã digna, que respeito e admiro. E esse parágrafo final diz tudo. De preferência pacificamente, de pé!
Um beijo,
Fernando
Alô de novo!
Obrigada por me julgares uma digna cidadã! De facto, a honra e a dignidade são vetores fundamentais na minha vida.
Mas quanto à inexistência de dolo ou má fé, permite-me discordar.
Assim como nos podem levar a tribunal por não, p.ex, chamar os bombeiros se virmos um carro ou uma casa a arder e não fizermos nada (somos pelo Código Civil a ter uma conduta responsável, mesmo pela propriedade alheia), o que dizer do compradio, do favorecimento dos amigos, do pagamento de salários "do petróleo" e prémios de gestão a quadros de empresas tecnicamente falidas, de prejuízos milionários?
Se estas empresas não se bastam a elas próprias é dos impostos e da dívida que sai o dinheiro.
Se a gestão do e no Estado se pauta por valores que só melhoram a vida do próprio e parceiros em detrimento do povo pagante de impostos em geral, é uma atitude arquitetada e consciente.
E a negligência por si mesma já é suscetível de condenação, logo não há perdão possível, quer tenham sido influenciados ou não. Quem assume a função governativa não pode assumir o papel do indigente, quando sai.
Simplesmente não aceito esta benevolência.
Bj
Compadrio, obviamente...
Manel,
Por uma questão de princípio concordo contigo em casos de má gestão premeditada como referes. Mas, achas isso exequível? É só um questão que deixo a pairar para (nossa) reflexão.
E repara que poderemos meter nessa panela uma parte substancial dos governantes pós 25 de Abril.
Isto não é a Islândia, e só em casos muito particulares uma situação desse tipo poderia avançar.
Achas que os parlamentares iriam criar uma lei que penaliza os seus pares e eles próprios num futuro não muito longínquo?
Duvido.
Beijo,
Zé
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